Valdemar Costa Neto é ironizado nas redes por elogio ao governo: ‘PL pró-Lula’
BrasilO presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, está sendo ironizado no X (antigo Twitter) por apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a repercussão de uma entrevista para um jornal do interior paulista onde ele elogia o petista. Os internautas viralizaram a frase “PL pró-Lula”, que se tornou um dos trending topics da rede social nesta quarta-feira, 17.
Em entrevista ao jornal regional O Diário, da região de Mogi das Cruzes e do Alto Tietê, Valdemar elogiou os mandatos anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que “não há comparação” entre o petista e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na gravação de 15 de dezembro, que ganhou repercussão na última sexta-feira, 12, o presidente do PL disse também que Lula tem “prestígio”, enquanto o correligionário possui “carisma”.
“Lula não tem comparação com Bolsonaro, completamente diferente. O Lula tem muito prestígio, não o carisma que Bolsonaro tem, mas tem popularidade, é conhecido por todos os brasileiros. O Bolsonaro, não, pois tem um mandato só”, afirmou Valdemar.
A partir de terça-feira, 16, os apoiadores do governo começaram a endossar na rede social que o partido do ex-presidente seria favorável ao petista. Nas postagens, a bandeira do PL aparece com a inscrição “Pró-Lula” ao lado da foto de Valdemar Costa Neto.
O vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ) entrou na onda dos apoiadores, e compartilhou, no seu perfil oficial, a imagem da bandeira do PL junto com a frase irônica. “Esse aqui é novo significado do PL após Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido do Bolsonaro, rasgar elogios pro Lula!”, afirmou o parlamentar em postagem nesta quarta.
Bolsonaro disse que ‘declarações absurdas’ poderiam implodir o PL
Após a repercussão da entrevista de Valdemar, Bolsonaro reagiu e disse, em uma conversa com apoiadores no litoral do Rio, que “declarações absurdas” de “uma pessoa do partido” podem implodir a sigla.
“Tudo na vida eu puxo um pouquinho para vida familiar de cada um de nós, né? Problemas têm. Essa semana tive um problema sério, não vou falar com quem… ‘Ó, se continuar assim, você vai implodir o partido’. Pessoa do partido dando declaração absurda. Como ‘o Lula é extremamente popular’. Manda ele vir tomar um 51 (marca de cachaça) ali na esquina. Não vem”, disse o ex-presidente.
Sem citar nominalmente Valdemar, o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro (Republicanos) cobrou que a sigla deveria “bater” em Lula. A declaração de Carlos foi em resposta a uma nota do jornal Metrópoles que informa que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que é pré-candidato à Prefeitura do Rio pelo PL, vem recebendo cobranças por não criticar o atual prefeito Eduardo Paes (PSD). O filho do ex-presidente, em uma indireta, afirmou que o partido também deveria reprovar o presidente.
“E o PL bater em Lula, não elogiar um merda que só faz merda”, disse o vereador em postagem no X feita nesta quarta-feira.
Atritos entre Bolsonaro e Valdemar são antigos
A relação entre Bolsonaro e Valdemar é marcada por atritos desde que o ex-presidente se filiou à sigla em 2021. Nos últimos meses, Bolsonaro e o dirigente partidário adotaram posições contrárias em temas como as eleições municipais de 2024 e a reforma tributária. As desavenças levaram o ex-chefe do Executivo a fazer críticas sobre Valdemar para aliados ou expor publicamente os desentendimentos entre os dois.
Bolsonaro baterá o martelo sobre os candidatos a prefeito em cidades estratégicas, onde bolsonaristas tiveram um bom desempenho em 2022. A carta branca do partido a Bolsonaro não se estende a locais onde políticos mais alinhados ao ex-chefe do Executivo não conseguiram ser eleitos.
Movimentos recentes do partido indicam que Bolsonaro quer priorizar aliados próximos na corrida pelo comando das capitais e mostrar que ainda é forte politicamente, após se tornar inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Valdemar, por sua vez, defende apostar em políticos com mais chances de vitória, com a meta de o PL eleger mais de mil prefeitos no País.
Gabriel de Sousa/Estadão