Popularidade digital de Lula cai com ataques a Bolsonaro após subir com salário mínimo e viagem
BrasilA popularidade digital do presidente Lula (PT) passou por oscilações entre abril e junho, decolando após o aumento do salário mínimo e a viagem a Portugal e despencando após uma série de críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando chamou o governo do antecessor de “praga de gafanhotos”.
Os dados são do IPD (Índice de Popularidade Digital), analisado diariamente pela empresa de pesquisa e consultoria Quaest. Ele é calculado por um algoritmo que coleta e processa 152 variáveis das plataformas Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipédia e Google. Os resultados variam de 0 a 100 pontos.
O petista, que já havia se recuperado das quedas de desempenho nas redes após a ilação que fez envolvendo o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR), cresceu cerca de 15 pontos, de 67,88 para 83,28, em 22 de abril, quando houve o primeiro compromisso oficial do presidente em sua viagem a Portugal.
Na ocasião, Lula assinou 13 novos acordos com o país, atacou Bolsonaro e o ex-presidente Michel Temer (MDB) e afirmou que ambas as democracias corriam risco pelo extremismo.
No dia anterior, explodiu na internet a polêmica sobre a gravata de luxo comprada pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. À época, um vídeo circulou nas redes sociais dela visitando a Zegna, grife masculina, e saindo com uma sacola, afirmando ter adquirido o item devido a um imprevisto.
O ápice da popularidade digital de Lula ocorreu em 30 de abril, quando o mandatário marcou 85,37 pontos na esteira do anúncio de aumento do salário mínimo para R$ 1.320.
A pontuação ultrapassa o recorde anterior do petista, registrado em 9 de janeiro, um dia após os ataques golpistas de bolsonaristas às sedes dos três Poderes —ele havia marcado 83,14.
Durante a viagem a Portugal, Lula também superou a visibilidade de Bolsonaro em abril de 2019, seu primeiro ano à frente da Presidência.
Duas semanas mais tarde, entretanto, o índice de Lula caiu 30 pontos, com a repercussão da série de críticas que o atual chefe do Executivo fez ao antecessor. Depois, recuperou fôlego com a votação da MP (Medida Provisória) dos Ministérios, que quase perdeu a validade em uma série de derrotas ao Planalto.
Em 12 de maio, Lula comparou o governo de seu adversário nas eleições passadas a uma “praga de gafanhotos”, citou investigações sobre as suspeitas de fraude no cartão de vacina do ex-presidente e a gestão da pandemia de Covid-19. Foi de 83,38 pontos, registrados no dia anterior, para 52,94.
No final daquele dia, Bolsonaro publicou no Twitter um vídeo afirmando que moveria uma ação criminal e uma cível contra Lula pelas afirmações. Com o tuíte, ganhou cerca de 25 pontos em popularidade digital —de 11,88 para 37,31.
“São absurdos. Ele não pode continuar falando mentiras à vontade e não ser incomodado por praticamente ninguém. Nós faremos a nossa parte e tenho certeza que a Justiça fará a sua”, afirmou o ex-presidente.
Quanto a Bolsonaro, apesar da melhora na pontuação após as críticas de Lula e posterior estabilidade, o baixo desempenho nas redes em relação ao que foi visto durante o mandato se manteve agora, indicando a dificuldade do ex-presidente em se manter relevante, agora na oposição.
As quebras de sigilo no celular do tenente-coronel Mauro Cid, a marcação do julgamento de ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pode torná-lo inelegível e a sequência da apuração sobre a fraude em seu cartão de vacinação são pontos que desafiam a visibilidade do ex-presidente.
Atualmente, Lula marca 54,75 pontos, e Bolsonaro, 41,85, com diferença de quase 13 pontos. No dia em que o petista anunciou o aumento do mínimo, a distância era de pouco mais de 75 pontos, a maior já registrada.
Para o cômputo da nota final, o IPD considera cinco dimensões: fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).
O peso que cada dimensão tem na conta é determinado por um modelo assimilado pela máquina a partir dos resultados reais de eleições anteriores, com milhares de candidaturas monitoradas pela empresa.
Matheus Tupina/Folhapress