PF recebe denúncia de carga de cocaína em ‘navio fantasma’ próximo ao litoral de PE

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PF recebe denúncia de carga de cocaína em 'navio fantasma' próximo ao litoral de PE

Foto: Reprodução / O Globo

A Polícia Federal e autoridades portuárias do estado de Pernambuco receberam denúncias de que o antigo porta-aviões São Paulo carregue, além de substâncias radioativas, uma carga de cocaína. Há suspeita de que a embarcação, vendida pela Marinha do Brasil para uma empresa turca, pode estar sendo usado para traficar cocaína da América do Sul para a Europa.

 

Segundo uma apuração do portal Marco Zero, o acionamento, tanto da PF quanto do governo pernambucano foi feito de maneira anônima, através de canais oficiais. Os órgãos chegaram a responder dando ciência do encaminhamento dado.

 

A denúncia, como apontou a publicação, foi formalizada junto aos gestores do porto de Suape e da ouvidoria do Governo de Pernambuco no dia 5 de outubro, data em que o navio chegou à costa do estado e foi impedido de atracar em Suape, após a Agência Pernambucana de Meio Ambiente recomendar à empresa gestora que o o casco do navio não atracasse no porto pernambucano.

 

Antes disso, o “navio fantasma” havia saído do Rio de Janeiro, sido impedido de passar pelo estreito de Gibraltar, porta de entrada do Mar Mediterrâneo, e de ser recebido pelos portos turcos, obrigando os tripulantes em trânsito retornarem ao Brasil. O motivo foi o mesmo: não possuir um inventário de contaminantes por laboratório reconhecido internacionalmente.

 

Depois de enviada para as autoridades brasileiras, no dia 19 de outubro, a ouvidoria respondeu a pessoa denunciante informando que encaminhou o caso para a Capitania dos Portos e a Polícia Federal. 

 

O São Paulo, um “navio de amianto”, está há mais de um mês sendo puxado pelo rebocador Alp Centre, perto do litoral sul de Pernambuco. Sem poder atracar, ele percorre uma trajetória de vai-e-vem no sentido sul-norte-sul, de 12 a 20 quilômetros da costa.

 

Os “navios de amianto” são embarcações de guerra construídas numa época em que não se sabia que a substância poderia provocar câncer e outras doenças mortais. O material era utilizado no isolamento térmico do casco e de vários componentes. Há nos porões da estrutura ao menos 10 toneladas do material, quantidade que pode ser maior, considerando a presença no casco e nas peças.

 

RISCO DE ABANDONO E VERSÃO DA MARINHA
Conforme publicou O Globo, em outubro, fontes que acompanham o caso dizem que a vistoria pode acabar sendo feita em alto-mar. Outra possibilidade seria pedir autorização para atracar no estaleiro de Mauá, em Niterói (RJ).

 

Outras pessoas afirmam que há a expectativa de que um novo leilão seja realizado, pois a concorrência do ano passado, que terminou com a oferta vencedora da empresa turca, está sendo questionada na justiça.

 

Ao jornal, a fundadora da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), Fernanda Giannasi, há um risco de abandono do casco do São Paulo. “Se o impasse não se resolver, o rebocador pode até abandonar em alto-mar. Se afundar, vira um monstro ambiental dentro do mar”, relatou.

 

A Marinha nega a presença de amianto no navio. De acordo com ela, o porta-aviões já teria sido ficado sem a substância na época de sua compra, em 2000, na França, onde a embarcação foi construída, na década de 1960. Um inventário do ano passado, entretanto, diz o contrário.

 

Ela também disse que todos os compartimentos teriam sido inspecionados, o que não corresponde às informações do relatório, e que uma equipe turca fez uma inspeção de radioatividade. 

 

Ainda de acordo com a reportagem, a suspeita sobre radioatividade do São Paulo surgiu porque foram encontradas fontes radioativas no seu navio-irmão, o Clemenceau II. Nos anos 1960, ambos teriam passado por testes nucleares.

 

Após a veiculação, no mês passado, o setor de comunicação da Marinha voltou a afirmar que “na década de 1990, uma ampla desamiantação dos compartimentos da propulsão, catapulta, máquinas-auxiliares e diesel geradores, culminando com a retirada de aproximadamente 55 toneladas de amianto. Adicionalmente, é relevante mencionar que o amianto atualmente existente no ex-NAe São Paulo não oferece riscos à saúde, no estado em que se encontra”.

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