‘Ou limpamos a casa ou achamos uma casa limpa’, diz advogado de Bolsonaro sobre PSL
BrasilUma semana depois de Jair Bolsonaro expor uma crise dentro de seu partido, o PSL, os advogados do presidente dizem que estão dispostos a brigar na Justiça para tirar o grupo do deputado Luciano Bivar do comando da sigla. “Ou limpamos a casa ou achamos uma casa limpa”, disse à Folha o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Admar Gonzaga. Ao lado de Karina Kufa, ele tem auxiliado Bolsonaro a encontrar uma saída para o impasse com o PSL.
“A saída do presidente da República não deveria ser o caminho adotado, considerando que o PSL era um partido pequeno”, disse Kufa, referindo-se ao fato de que a sigla cresceu graças a Bolsonaro. “Que saia o presidente que está lá desde 1989, que não possibilitou nenhuma eleição interna de forma minimamente democrática”, afirma ela, num recado direto a Bivar, deputado federal por Pernambuco e presidente da legenda.
Endereços ligados a Bivar foram alvo de operação da Polícia Federal nesta terça (15) como parte da investigação sobre candidaturas de laranjas do PSL na eleição de 2018. A suspeita é que ele tenha comandado no estado esquema semelhante ao que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, é acusado em Minas —denunciado pelo Ministério Público, ele foi mantido no cargo por enquanto pelo presidente. Hoje, na prática, a ofensiva dos advogados auxiliares de Bolsonaro é pela refundação do PSL —inclusive com a mudança de nome do partido.
Uma nova convenção nacional da sigla está marcada para dezembro. Hoje, no entanto, Bivar controla a maioria dos 101 filiados que têm direito a voto. Nas contas dos aliados de Bolsonaro, o presidente da República seria “engolido” se fosse para uma disputa de chapa com o grupo liderado por Bivar.
Como não há qualquer indicativo de acordo interno, Bolsonaro insistirá na via judicial para provar que o partido, sob o comando de Bivar, não está aplicando os recursos públicos do fundo partidário de maneira correta. Os advogados dizem que, à frente do PSL, Bivar “adota práticas da velha política, do chamado coronelismo”. “Antes com pouco dinheiro, agora com muito dinheiro”, disse Admar.
Até o fim de 2019, a estimativa é a de que o PSL receba R$ 110 milhões do fundo partidário. No ano passado, por exemplo, a sigla levou R$ 9 milhões. Embora digam oficialmente que a operação da Polícia Federal desta terça-feira nada tem a ver com a disputa política, eles indicam que o presidente Bolsonaro tem sido alertado sobre a conduta do correligionário no comando do PSL.
Folha de S.Paulo