Novas regras para pedidos de aborto por estupro agravam danos psicológicos em vítimas

Brasil

por Jade Coelho

Novas regras para pedidos de aborto por estupro agravam danos psicológicos em vítimas

Foto: Reprodução/Pixabay

A portaria do Ministério da Saúde (MS) que altera o procedimento padrão para o atendimento médico de vítimas de estupro que desejam fazer um aborto (saiba mais aqui) foi classificada como “cruel” e “mais uma violência” pela psicóloga Marta Souza. As novas exigências incluem a oferta para que a vítima de violência sexual tenha acesso a imagens do feto através de um exame de ultrassom, e ainda narre com detalhes a violência sofrida em um questionário sobre o estupro. A psicóloga lista uma série de danos e efeitos psicológicos a que as vítimas são expostas com as novas exigências do MS.

 

A mudança no protocolo ocorre algumas semanas depois de um caso que ganhou repercussão e chocou o país em que uma menina capixada de 10 anos foi estuprada durante quatro anos e ficou grávida do tio. A criança foi submetida a um procedimento de aborto legal autorizado pela Justiça (lembre aqui e aqui).

 

Marta explica que a mulher vítima de violência sexual e que procura ajuda médica já enfrentou barreiras pessoais e um processo violento para chegar até à unidade de saúde. Segundo a profissional, o novo protocolo expõe a vítima ao agravamento de sintomas depressivos, crises do pânicos, estresse pós traumático, e outros sintomas que podem ocorrer após o trauma. 

 

“A violência ocorre tanto no ato do estupro como ocorre em várias etapas após isso. Então essa mulher que já foi tão prejudicada emocionalmente e que já esta fragilizada ainda ter que ver o feto, eu acredito que seja cruel”, disse a psicóloga ao acrescentar que a medida submete a vítima a reviver uma situação traumática, vivenciar outro abuso, e ainda uma tentativa de desestimular que as mulheres vítimas de estupro façam o aborto.

 

As novas regras foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) na sexta-feira (28). O texto ainda torna obrigatório que os profissionais de saúde relatem a polícia o caso, independente da vontade da vítima de registrar queixa ou identificar o agressor. 

 

Marta considera “interessante para a sociedade civil” a notificação. Na avaliação da psicóloga as informações podem ser utilizadas de forma a criar estratégias de segurança em locais com mais registros, além de, se divulgadas esses dados, possibilitar que mulheres e pessoas da comunidade fiquem alerta e tenham mais cuidado uns com os outros.

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