Ministro Benny Gantz anuncia sua saída de governo de Israel com críticas a Netanyahu

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Benny Gantz, ministro do gabinete de guerra de Israel, anunciou neste domingo (9) sua renúncia do governo de emergência do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu no marco das divergências em relação à condução do conflito contra o Hamas.

“Netanyahu está nos impedindo de avançar em direção a uma verdadeira vitória. Essa é a razão pela qual estamos deixando o governo de emergência hoje, com o coração pesado mas com muita confiança”, disse Gantz ao anunciar a saída.

Centrista e adversário político de Netanyahu, Gantz havia prometido no final do mês passado deixar a coalizão caso o premiê não apresentasse um plano para o pós-guerra no território palestino.

Com a saída do antigo aliado e hoje um de seus principais rivais políticos, Netanyahu perde apoio de um bloco de centro que o havia ajudado a ampliar o apoio ao governo de Israel após os ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro, num momento de crescente pressão política interna e internacional.

O anúncio não representa uma ameaça imediata ao governo Netanyahu, que controla 64 das 120 cadeiras no Parlamento, o Knesset. Mas sem a força política de Gantz, o Unidade Nacional, o primeiro-ministro deve depender mais do apoio dos partidos ultranacionalistas, que defendem a completa reocupação militar israelense em Gaza —algo rejeitado pelo principal aliado dos israelenses, os Estados Unidos.

O Unidade Nacional tem oito representantes no Parlamento e defende a antecipação das eleições.

Netanyahu divulgou uma mensagem nas redes sociais na qual faz um apelo ao ministro. “Israel está numa guerra existencial em diferentes frentes. Benny, não é momento de abandonar a batalha, é momento de unir forças.”

Gantz chegou a adiar sua declaração, que estava prevista para sábado (8), após a notícia de que as forças de defesa de Israel tinham resgatado quatro reféns com vida de Gaza.

Um governo Netanyahu ainda mais dependente dos ultranacionalistas pode ampliar as tensões já evidentes na relação com os Estados Unidos. Também tem o potencial de aumentar a pressão pública interna diante de uma campanha militar que dura meses.

Analistas ouvidos pela agência Reuters afirmam que a decisão de Gantz de deixar o governo indica ainda que há poucas chances de sucesso para a última proposta de cessar-fogo. Se um acordo estivesse no horizonte, eles dizem que provavelmente Gantz permaneceria na coalizão.

Pesquisas de opinião mostram Gantz, um ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa, como o principal rival político de Netanyahu. Quando os ataques do Hamas ocorreram, ele se juntou ao governo de unidade nacional e disse que deixaria posições políticas de lado em nome do interesse nacional.

Os ataques terroristas de 7 de outubro representaram a mais grave ofensiva na história de Israel e deixaram cerca de 1.200 mortos, segundo Tel Aviv. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, houve 37.084 mortes no território desde o início da guerra.

Após oito meses de guerra em Gaza precipitada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, 116 dos cerca de 250 reféns sequestrados por militantes ainda estão no território palestino, de acordo com contagens israelenses —pelo menos 50 dos quais foram declarados mortos à revelia pelas autoridades.

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