Lula nomeia advogada negra para a Comissão de Ética da Presidência
BrasilO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu uma advogada negra para uma das duas vagas abertas na Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República. A nomeação de Marcelise de Miranda Azevedo, de 49 anos, deverá ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 5. Segundo interlocutores do Planalto, a jurista já foi informada pela Subsecretaria de Assuntos Jurídicos da Presidência da República.
Com a escolha de Marcelise, Lula tenta amenizar a insatisfação de grupos progressistas que pedem uma mulher negra no Supremo Tribunal Federal (STF) e reclamam da atuação conservadora do recém-empossado ministro Cristiano Zanin. Na mesma linha de estratégia, o presidente escolheu uma mulher para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Mais uma bela nomeação do Presidente Lula. Marcelise fará um grande trabalho na Comissão de Ética. É uma jurista muito combativa é muito respeitada. Mais um passo para o sistema de justiça pelo qual todos estamos lutando… Mais diverso e inclusivo. Dia de festa!”, afirmou o advogado Mauro Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, à reportagem.
Currículo
Marcelise é graduada em direito pelo Ceub e possui pós-graduações em direitos do trabalho e previdenciário na Universidade Presbiteriana Mackenzie e na Escola Paulista de Direito. Hoje integra o Coletivo Juristas Negras, a Coalizão Nacional de Mulheres e o Grupo Prerrogativas.
Ela também é sócia do advogado e ex-presidente da Comissão de Ética Pública Mauro Menezes. “Eu estive hoje com Lula e Marcelise, e foi um momento muito positivo. Ele [Lula] prestigiou muito, se emocionou. Agora é trabalhar, agir com prudência e firmeza – tenho certeza que ela reúne todos os atributos necessários”, afirmou ele.
Colegiado
A Comissão de Ética Pública é composta por sete membros. Com a nomeação de Marcelise, Lula terá nomeado quatro conselheiros. No início do ano, o presidente da República destituiu três membros, num ato sem precedentes, que haviam sido indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso foi parar no STF.
A jogada de Lula ocorreu após ser revelado que a Comissão de Ética Pública favoreceu ex-ministros bolsonaristas.
Roseann Kennedy/Tácio Lorran/Estadão