Lula comanda governo sob cerco e deve abrir mão de anéis para manter os dedos, avaliam integrantes do ministério

Brasil

Uma parte importante do núcleo duro do governo Lula já jogou a toalha e entende que o presidente precisa entregar diversos anéis para permanecer com os dedos. Ou seja, abrir mão de políticas públicas concretas e também simbólicas, como na área do meio ambiente, para conseguir avanços em ao menos um tema central: o do desenvolvimento econômico, sem o qual o governo poderá fracassar de forma retumbante.

Na análise de um integrante de primeiro escalão da equipe do petista, Lula comanda hoje um governo sob cerco: enfrenta oposição dentro do aparato estatal, com uma opinião pública dividida e apenas 130 votos no Congresso —o número da bancada mais leal a ele— para defender suas pautas.

Um parlamentar que é também dirigente do PT e amigo do presidente afirma que o governo tem hoje diversos canhões apontados para ele o tempo todo.

O governo não teria, portanto, cacife nem força para comprar todas as brigas ao mesmo tempo.

Neste contexto, a administração petista teria que evitar, por exemplo, entrar na discussão de pautas de comportamento. E deveria se “conformar” com o esvaziamento de ministérios como o do Meio Ambiente e o de Povos Indígenas que está sendo promovido pelo Congresso.

Lula deveria, assim, abrir mão “de tudo o que é secundário”, na opinião de um integrante do governo, para “centrar no desenvolvimento”, sem o qual até mesmo a democracia voltaria a correr risco.

Com sucesso econômico, o governo Lula conseguiria se fortalecer para, ao fim e ao cabo, garantir que direitos não fossem “massacrados”, diz o mesmo governista.

As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo.

 

Folha de S. Paulo

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