Em carta à família, Adélio cita conspiração maçônica e clama por transferência

Brasil

Sem contato com Adélio Bispo de Oliveira, 41, desde que ele foi preso após esfaquear Jair Bolsonaro (PSL), a família recebeu notícias dele até agora apenas por meio de uma carta —mas a mensagem não foi lá muito reconfortante. A correspondência, à qual a Folha teve acesso, foi escrita em 6 de maio na penitenciária federal de Campo Grande (MS). Ele foi levado para o local depois de tentar assassinar o então candidato a presidente, crime que completa um ano nesta sexta-feira (6). “Este presídio aqui é um lugar de maldições, um presídio projetado pela maçonaria onde o satanismo maçom aqui é terrível”, escreveu Adélio aos familiares que vivem em Montes Claros, no norte de Minas.

A mensagem mostra, na opinião dos parentes, que o autor do ataque continua perturbado pelos fantasmas que agravaram sua doença mental, levando-o a cometer o atentado em Juiz de Fora (MG).  Como publicou a Folha nesta terça-feira (3), os familiares não têm dinheiro para ir até Campo Grande visitá-lo e só recebem informações dele pela TV e pela internet. Após a publicação da reportagem, eles disseram que vão procurar a DPU (Defensoria Pública da União) para tentar falar com Adélio pelo telefone (a chamada visita virtual). Na carta, de uma página e meia, Adélio reforçou sua obsessão pela maçonaria, ao afirmar que o prédio da penitenciária foi construído com arquitetura típica da organização e que corre perigo lá —ele se considera perseguido pela confraria.

“Estou tentando sair daqui o quanto antes possível”, escreveu. “Estão tentando me levar à loucura a qualquer custo, assim como já fizeram com vários que passaram por aqui. Há uma conspiração bem montada para isso. Mas ainda estou firme, apesar das investidas satânicas da maçonaria.” Com 208 celas, o complexo em Mato Grosso do Sul, inaugurado em 2006, tem edificações com linhas retas e dimensões retangulares, sem elementos aparentes em forma de triângulo ou colunas típicas das construções maçônicas.

Na correspondência, Adélio também insistiu no pedido de ajuda para ser transferido. Ele disse que tentaria apoio via DPU, por não estar conseguindo contato com seus advogados. Como ele já tem defesa constituída, liderada pelo advogado Zanone Manuel de Oliveira, os defensores públicos não podem interferir. Oliveira e seus sócios não foram contratados pela família. A Polícia Federal investiga quem estaria financiando os serviços, dentro de inquérito que apura se houve mandantes do crime ou comparsas. A carta foi enviada a um sobrinho chamado Madson, mas hoje está com Aldeir Ramos de Oliveira, 52, o irmão mais velho de Adélio. Nela, o autor da facada pede que os parentes consultem o advogado de um conhecido em Montes Claros para saber se o profissional poderia assumir seu caso e tentar a transferência.

Folha de S.Paulo

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