Deputada bolsonarista acusa governo Lula de demonizar clubes de tiro e descumprir acordo
BrasilA deputada federal bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC) diz que o presidente Lula (PT) estaria “demonizando a prática de um esporte e de uma classe de cidadãos que pagam imposto” ao afirmar que pretende fechar todos os clubes de tiro do país.
O mandatário deu a declaração na terça (25) e disse que a ideia é deixar aberto apenas espaços desta natureza que são das polícias Militar e Civil ou do Exército.
A fala ocorreu um dia após Lula assinar um decreto que cria mais restrições para o acesso a armas no país, revertendo a política de flexibilização da gestão de Jair Bolsonaro (PL).
“É a demonização da prática de um esporte e de uma classe de cidadão que paga imposto, que conseguiu permissão para conseguir funcionar, isso é antidemocrático”, diz Zanatta.
Parlamentares de oposição apresentaram um projeto para derrubar o decreto. “Existiu uma conversa de deputados com o Ministério da Justiça para que não mudasse a questão de restrição de calibre, mas esse acordo não foi cumprido. Nossa intenção é falar com o [presidente da Casa, Arthur] Lira e pedir apoio”, segue ela.
Com Bolsonaro inelegível, a deputada afirma ainda que não apoia o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para a corrida às eleições presidenciais de 2026.
“Ele não é candidato. Deixar um estado como São Paulo não é nada estratégico. E a população já sofreu isso com o ex-governador [João Doria]. Não foi muito legal. Ele [Tarcísio] é realizador e vai querer terminar o que começou”, aponta.
Questionada sobre quem poderia se lançar como candidato à direita, em oposição ao PT, ela se limita a dizer que “vai esperar” o ex-presidente se pronunciar. Zanatta conta que já conversou com Bolsonaro para sugerir que ele lance alguém de sua família para a vaga.
“Eu defendo alguém da família Bolsonaro”, reforça, sem querer citar nomes.
Em março deste ano, Zanatta foi acusada de incitação à violência por aliados do presidente Lula após publicar em uma rede social uma foto na qual segurava uma carabina. Na imagem, ela vestia uma camiseta estampada com uma mão com quatro dedos perfurada por balas, que foi interpretada como uma alusão ao presidente.
Na época, ela negou qualquer relação com o petista. “Está escrito Lula na camiseta? Não está, né. Não está escrito Lula. Eu acho que não é só ele que tem um dedo a menos ou dois, sei lá. Não está escrito Lula e em nenhum momento eu falei no meu texto: ‘vamos atacar’, ‘vamos pegar em armas para fazer uma revolução’. A esquerda já falou isso uma vez. Eu nunca falei isso”, disse a parlamentar à reportagem.
Mônica Bergamo/Folhapress