Câmara dos deputados articula convocação de general Heleno
BrasilA Câmara dos Deputados, procura se articular em seus bastidores para convocar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. A ideia é que ele se explique com relação as declarações dadas na semana passada, quando saiu em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao se referir à necessidade de conter uma possível “radicalização” da esquerda no País com “um novo AI-5”. O movimento para “enquadrar” Heleno tem o aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Durante sua passagem por Pernambuco, para cumprir agenda, nessa segunda-feira, 4, Maia lembrou que há um pedido de convocação do ministro, feito pelo deputado Orlando Silva (PC do B-SP), para que ele esclareça suas afirmações. “Infelizmente, o general Heleno virou um auxiliar do radicalismo do Olavo.É uma pena que um general da qualidade dele tenha caminhado nessa linha”, disse o presidente da Câmara de acordo com o Estado de São Paulo.
Ele fez referência ao escritor Olavo de Carvalho, classificado como guru do núcleo ideológico do governo. “Acho que a frase dele (Heleno, sobre novo AI-5) foi grave. Além disso ainda fez críticas ao Parlamento, como se o Parlamento fosse um problema para o Brasil”, complementou.
O pedido de convocação de Heleno deve ser apreciado nesta terça-feira, 5, em reunião de líderes de partidos e, segundo apurou o Estado, tem chance de ser aprovado. Caso isso ocorra, Heleno será obrigado a comparecer ao plenário da Câmara em um momento em qual o PSL, partido de Bolsonaro, está rachado e não tem disposição de formar uma “tropa de choque” para apoiá-lo.
“Um ministro palaciano tem de ser mais cuidadoso com o que fala”, afirmou Silva ao Estado. “A declaração é ainda mais grave pelo fato de ele ser um general da reserva. Muita gente imagina que se trata de uma manifestação com respaldo nas Forças Armadas e eu tenho certeza de que não é. Não se brinca com democracia”, disse o deputado.
Na semana passada, Maia divulgou nota na qual considerou as declarações de Eduardo “repugnantes” e mencionou até mesmo a possibilidade de punição. “A apologia reiterada a instrumentos da ditadura é passível de punição pelas ferramentas que detêm as instituições democráticas brasileiras. Ninguém está imune a isso. O Brasil jamais regressará aos anos de chumbo”, destacou o presidente da Câmara.
Líderes de 18 partidos da oposição entraram com queixa-crime contra Eduardo no Supremo Tribunal Federal na semana passada. Ontem, a Rede Sustentabilidade entrou com representação no Conselho de Ética da Câmara, pedindo a cassação do deputado do PSL