Bolsonaro recebe ministros do TCU e planeja aproximação com outros tribunais

Brasil

Numa tentativa de aproximação com as instituições, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ofereceu um jantar no Palácio da Alvorada para os ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) na noite desta terça-feira (20). A intenção, segundo auxiliares presidenciais, é fazer rodadas de jantares com integrantes de outros Poderes e tribunais para “desmistificar” Bolsonaro, visto como indiferente às instituições.  De acordo com relatos feitos por participantes à Folha, Bolsonaro mostrou-se descontraído e fez um breve discurso defendendo um engajamento de todas as instituições para o desenvolvimento do país. Ele reconheceu dificuldades de seu governo e se disse disposto a resolvê-las. Como exemplos, citou a transferência do Coaf do Ministério da Economia para o Banco Central e a reestruturação da Receita, ainda em estudo pela equipe econômica.

Os dois órgãos enfrentam tensões com o governo e passam por modificações em sua composição e funcionamento. Estavam presentes oito dos nove ministros titulares do TCU, à exceção de Vital do Rêgo. Também compareceram os quatro substitutos e a procuradora-geral do Ministério Público que atua junto ao órgão, Cristina Machado. Por parte do Poder Executivo, Bolsonaro convidou os quatro ministros do Palácio do Planalto: Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Augusto Heleno (GSI), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Além deles, participaram do jantar os ministros Wagner Rosário (CGU), André Luiz Mendonça (AGU) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura). Bolsonaro sentou-se entre o presidente do tribunal, José Múcio Monteiro, e a vice-presidente, Ana Arraes. Apenas os dois presidentes fizeram uma breve fala ao início do jantar, no qual foram servidos salada, peixe, filé, risoto e vinho.

À reportagem, os participantes relataram um ambiente de descontração e combinaram de encerrar o encontro antes do início do jogo do Palmeiras, time do presidente. Auxiliares de Bolsonaro disseram que ele resolveu inaugurar os jantares no Alvorada com o TCU por sentir-se mais à vontade, já que conviveu com vários de seus integrantes quando era deputado federal. O TCU tem dois terços de seu quadro de indicações do Congresso. Entre os ministros são ex-parlamentares José Múcio, Ana Arraes, Vital do Rêgo e Augusto Nardes. Bruno Dantas e Raimundo Carreiro integravam o quadro técnico do Legislativo. Desde que tomou posse, em janeiro, o presidente vinha mantendo certo distanciamento dos outros Poderes e não costumava realizar jantares na residência oficial da Presidência, como é de praxe pelos chefes do Executivo.

As agendas presidenciais de convívio fora do Planalto ficaram mais restritas nos primeiros oito meses de gestão a militares e evangélicos. Um dos que aconselharam Bolsonaro a ampliar seu círculo de relações foi o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além do presidente do STF, Dias Toffoli. Passam pelo TCU casos de grande importância para o governo como a avaliação de projetos de infraestrutura, além de ser o órgão responsável por julgar as contas do governo. Durante a tarde, Bolsonaro recebeu o relator das contas no Planalto, o ministro Bruno Dantas. Os dois trataram do pagamento de bônus por eficiência aos auditores da Receita. O caso, também relatado por Dantas, volta nesta quarta-feira (21) à pauta do tribunal e ocorre em meio a dificuldades fiscais do governo. A falta de recursos levou Bolsonaro a dizer na semana passada que os ministros estão “apavorados” e que o governo está fazendo milagre para encerrar o ano.

Folha de S.Paulo

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