Após forte queda da Bolsa, Haddad diz que vai montar ‘equipe plural’
BrasilApós um dia de temor do mercado sobre os rumos da economia sob a condução do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), o ex-prefeito afirmou na noite desta segunda (12) que deve “compor uma equipe plural”.
“Não quero uma escola de pensamento comandando a economia”, disse Haddad, que deve anunciar parte dos nomes nesta terça (13).
As declarações vieram depois de forte baixa na Bolsa e alta do dólar e dos juros, provocada por temores de que o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adote uma política econômica intervencionista.
Um dos principais motivos para a preocupação do mercado foi a notícia de que o governo discute modificar a Lei das Estatais para permitir nomeações políticas, sobretudo a de Aloizio Mercadante para o BNDES e do senador petista Jean Paul Prates para a Petrobras.
Sem entrar em detalhes sobre quais áreas deverá anunciar ocupantes dos cargos, Haddad disse que quer misturar pessoas jovens e mais experientes, mas que ainda depende de algumas respostas dos convidados.
São cotados para integrar a equipe de Haddad nomes como Guilherme Mello, que participou da elaboração do programa de governo e está no grupo de transição da economia. Gabriel Galípolo, ex-presidente do banco Fator e integrante do grupo de transição da infraestrutura. Marcos Cruz, que atuou na consultoria global McKinsey & Company e foi secretário de Finanças de Haddad na Prefeitura de São Paulo. Bernard Appy, ex-secretário da Fazenda nas gestões anteriores de Lula e especialista em tributação (e autor de uma das principais modelos de reforma tributária em discussão hoje no país).
Também são cotados Bernardo Guimarães, professor da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP) e Marco Bonomo, professor de finanças e economia monetária no Insper.
Guimarães é um macroeconomista reputado, doutor pela Universidade Yale, ex-professor da London School of Economics. Seu tema principal de estudo envolve o problema mais imediato do governo: equilíbrio duradouro das contas públicas, além de política monetária. Graduou-se em engenharia de produção pela USP, onde fez seu mestrado em economia.
Bonomo graduou-se e fez mestrado em economia na PUC do Rio; doutorou-se na Universidade Princeton. Está bem cotado para ser secretário de Política Econômica. Guimarães poderia trabalhar com ele, embora seja citado também para um posto no Planejamento.
Ele disse que aguarda decisão do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre quem irá comandar a pasta do Planejamento. Segundo ele, decisões serão tomadas “com base em evidências, com boa ciência, bom senso”.
Nesta terça, pela manhã, Haddad irá se reunir com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e à tarde, irá almoçar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos.
O futuro ministro disse que não deve paralisar todos os projetos da gestão anterior. “O que for importante e aderente ao que a gente pensa, vamos tocar”.
Haddad afirmou também que pretende criar uma espécie de conselho que reúna especialistas e antigos ocupantes do cargo. “Facilita no Congresso, na sociedade. A dimensão política da política econômica também é importante, você precisa aparar arestas, precisa tranquilizar o país, dar rumo para as coisas.”
O futuro ministro também se esquivou de responder sobre a possibilidade de Mercadante ser indicado para o BNDES. “Isso é prerrogativa do presidente. Inclusive, é um banco de outro ministério, do Ministério de Desenvolvimento, não é Banco do Brasil, Caixa…”.
Segundo Haddad, Lula ainda não escolheu os nomes para presidir a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
Victoria Azevedo/Renato Machado/Folhapress