Antigos colaboradores põem Bolsonaro nas cordas sobre golpismo eleitoral e joias

Brasil

Revelações de dois de seus antigos colaboradores, um mais fiel e outro esporádico, colocaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas cordas das investigações da Polícia Federal e do STF (Supremo Tribunal Federal).

Os responsáveis por esse novo acuamento são o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens na Presidência, e o programador Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker da Vaza Jato, chamado por bolsonaristas na campanha eleitoral para atuar na cruzada contra as urnas eletrônicas.

Tanto Cid como Delgatti estão presos —o primeiro sob suspeita de adulterar o seu cartão de vacinação, o de Bolsonaro, o de sua esposa, Gabriela Cid, e de uma de suas filhas; e o segundo por uma trama para prejudicar o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Já Bolsonaro foi recentemente condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por mentiras e ataques ao sistema eleitoral, ficando assim inelegível pelos próximos oito anos, e ainda enfrenta uma série de ações na Justiça, como a suspeita de responsabilidade nos ataques golpistas do 8 de janeiro.

Nesta quinta (17), Moraes autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a pedido da PF, na investigação do esquema de joias.

No caso de Cid, o revés a Bolsonaro veio por meio da defesa do militar. Segundo o advogado Cézar Bittencourt, o tenente-coronel vai confessar ter negociado as joias nos Estados Unidos a mando do ex-presidente.

A estratégia de admitir sua atuação e indicar Bolsonaro como mandante da negociação foi revelada pela revista Veja e confirmada pelo defensor à Folha.

“Ele confessa que comprou as joias evidentemente a mando do presidente. Comprou e vendeu. Resolva esse negócio e venda”, disse Bittencourt sobre a venda das joias e relógios.

Segundo a PF, o militar foi preso porque teria colocado nos cartões de vacinação a informação falsa de que eles haviam sido vacinados para permitir a ida deles aos Estados Unidos dias antes da posse do hoje presidente Lula (PT).

Na sexta (11), nova operação da PF mirou o esquema de venda de joias e presentes. Cid e seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, foram citados pela PF em negociações para vender presentes recebidos por Bolsonaro em viagens oficiais. Os bens são considerados de Estado, e Bolsonaro não poderia apoderar-se dos itens valiosos, segundo entendimento do TCU (Tribunal de Contas da União).

Já no caso do hacker, nesta quinta-feira ele prestou depoimento à CPI do 8 de janeiro e disse que a campanha do ex-presidente planejou forjar a invasão de uma urna eletrônica durante as celebrações do 7 de Setembro de 2022, menos de um mês antes da eleição.

O hacker disse ainda que, em outra data, Bolsonaro teria pedido para ele assumir a autoria de um grampo de conversas de Moraes.

Delgatti afirma que aceitou o pedido, feito pelo ex-presidente em telefonema mediado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), mas que nunca teve acesso a esse suposto grampo do ministro.

À CPI Delgatti não apresentou registros que comprovem suas declarações. O hacker afirmou que aceita acareação com Bolsonaro na comissão.

Delgatti, que ganhou projeção por ter invadido contas de Telegram de procuradores da Lava Jato em 2019, disse que levou um plano contra as urnas eletrônicas a Bolsonaro durante reunião no Palácio da Alvorada, em 10 de agosto do ano passado, portanto já no período da campanha.

Bolsonaro, em entrevista à rede Jovem Pan, chamou de “fantasia” o relato do hacker e disse que só o encontrou no Palácio da Alvorada uma vez. “Não falei com ele no telefone em momento algum.”

Delgatti foi preso novamente no começo de agosto sob suspeita de tramar, a pedido da deputada, contra Moraes. O hacker confessou, em junho, que invadiu os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e inseriu um mandado de prisão falso contra Moraes assinado pelo próprio ministro. Ele também disse que recebeu um pedido de Zambelli, no ano passado, para invadir uma urna eletrônica.

 

Folhapress

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