Protótipo de estudante baiano permite acesso de pessoas tetraplégicas ao computador

Bahia

por Bruno Leite

Protótipo de estudante baiano permite acesso de pessoas tetraplégicas ao computador

TAAPETE acoplado em um óculos | Foto: Reprodução / Álvaro Vasques

O ato de colocar um óculos parece um gesto que possibilite qualidade de vida e oportunize acesso a conteúdos apenas para pessoas com limitações visuais. Mas, graças a um projeto desenvolvido pelo IFBaiano (Instituto Federal Baiano) no campus Valença, essa ferramenta também pretende ajudar pessoas com  limitações na movimentação de membros superiores e inferiores.

 

O projeto em questão é o TAAPETE (Tecnologia Assistiva Acessível para Pessoas com Tetraplegia), que acopla um receptor de movimentos em acessórios que sejam utilizados na cabeça para propiciar que pessoas com tetraplegia e outras limitações semelhantes possam utilizar computadores para as mais diversas atividades diárias.

 

O dispositivo nada mais é que o hardwave, ou seja, um equipamento como um mouse ou teclado, externos ao computador. A partir dele o usuário poderá digitar textos, acessar a internet, selecionar elementos, acessar redes sociais e outras funções que uma máquina possa oferecer sem que programas tenham que ser instalados.

 


Foto: Arquivo pessoal / Álvaro Vasques

 

Segundo o professor orientador da iniciativa, realizada pelo instituto através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Jr. (PIBIC Jr.), Leandro Teixeira, o que provocou o desenvolvimento do TAAPETE foi a execução uma atividade às vezes desapercebida como a utilização de computadores por pessoas sem nenhuma limitação físico-motora também fosse acessível para as que têm.

 

“Pensamos no seguinte: já que as pessoas podem movimentar a cabeça, por que não podemos ajudar essas pessoas a ter acesso ao computador movendo a cabeça? Inicialmente ele foi pensado para mover o cursor do mouse. Depois foram incluídas outras funções que o computador pode oferecer utilizando esse dispositivo que o projeto desenvolveu”, explica o professor.

 

O fundamento básico do TAAPETE é de que ele funcione como um cursor. “Se uma pessoa movimenta a cabeça para baixo, para cima, para esquerda ou direita vai movimentar o cursor. Desenvolvemos uma série de movimentos para significar algo para o computador. A gente pode clicar com o botão esquerdo ou direito, por exemplo. Além disso, o usuário pode abrir um teclado virtual”, descreve Teixeira sobre a funcionalidade do aparelho.

 

Todo o projeto foi executado por Leandro em conjunto com um colega de trabalho, o professor Gustavo Sabry (co-orientador) e o aluno Álvaro Vasques. Com ele conseguiram premiações importantes como o 1º lugar na categoria Ciências Exatas e da Terra (Prêmio ABRIC de excelência em pesquisa) da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace); o Prêmio Destaque Unidades da Federação, onde representaram a Bahia; e o Prêmio Abritec (Associação Brasileira de incentivo à tecnologia e ciência).

 

Além disso, o projeto foi credenciado para eventos feiras e encontros como o Encuentro Internacional Colombista de Ciencia, Inovacion y Empreendimiento – a ser realizado em 2021, na Colômbia –  e a International Science and Engineering Fair (ISEF 2020).

 


Álvaro e Leandro com o prêmio da Febrace | Foto: Arquivo pessoal / Álvaro Vasques

 

Tão logo foi apresentado e condecorado, o TAAPETE já está recebendo melhorias que vão, dentre outros aprimoramentos, baratear o custo do protótipo e reduzir o tamanho do dispositivo acoplável. A pretensão é que seja dada a entrada no processo de patente assim que as melhorias sejam feitas.

 

“A gente já fez uma nova versão, a gente comprou uma placa menor que diminuiu bastante o tamanho do protótipo, que passou a ficar 23% mais barato”, comenta o estudante Álvaro Vasques, afirmando que o protótipo que tinha um custo de R$ 81 ficou por R$ 65. O custo aliás, é cerca de 95% menor que outros dispositivos diposníveis no mercado.

 


Foto: Arquivo pessoal / Álvaro Vasques

 

Fora as oportunidades possíveis para os usuários, o desenvolvimento do TAAPETE já é um divisor de águas na vida dos cientistas. Ao Bahia Notícias, Álvaro contou que a experiência das premiações, sobretudo da Febrace, o motivou a seguir a carreira de pesquisa após o ensino médio e foi a porta de entrada para outras conquistas. “Foi um leque de oportunidades que não cabe em mim”, argumenta animado.

 

Projetos como este, afirma o professor orientador Leandro Teixeira, além de iniciar o estudante na vida científica, “mostra a relevância que a ciência tem na sociedade quanto na formação do indivíduo”. “Ao trabalhar na tecnologia assistiva então, ganha algo a mais, que é se importar com o próximo, para resolver um problema real que muitas vezes fica esquecido”, completa.

Deixe sua avaliação!

Mais Notícias de Bahia