Fora do muro: PDT e PL terão que escolher de qual lado estão em Salvador e na Bahia
Bahiapor Fernando Duarte
Dispostos a marchar com a candidatura de Bruno Reis em Salvador – ainda que não falem claramente sobre o assunto -, PDT e PL terão que enfrentar as consequências caso optem por não apoiar um nome da base do governador Rui Costa. É natural que isso aconteça. Partidos expressivos nacionalmente, mas menos representativos na escala estadual, ambos não controlam orçamentos robustos, mas mantêm cargos de segundo e terceiro escalão. Abrir mão deles é possivelmente a conta mais complexa a ser feita.
Rui não tem o perfil que permita flexibilizar ao ponto de acender “uma vela para Deus e outra para o diabo” quando a disputa entra no próprio quintal. Por isso, durante as conversas, seria estranho se o governador não sugerisse uma escolha: ou apoia um candidato dele ou de um adversário. Tanto o PDT quanto o PL já estão com um relacionamento sério com o DEM em Salvador há tempos, porém nada escancarado. As duas siglas flertaram e conseguiram espaços nos bastidores. A ideia de marchar com Bruno Reis passava por manter um pé em cada lado. Só não contavam com dois pesos e duas medidas de Rui.
O governador não promove caça às bruxas quando os aliados dele integram a base adversária no campo federal. Foi assim durante o governo de Michel Temer e agora na gestão de Jair Bolsonaro. Porém a mesma lógica não é adotada quanto o assunto é a disputa local. Rui sabe que, ao fortalecer o grupo de ACM Neto com a debandada de qualquer sigla, potencializa a campanha dele ao governo em 2022, quando o petista tentará fazer o sucessor. O assunto é 2020, porém o pano de fundo é a eleição de daqui a dois anos.
As perspectivas de alianças para as próximas eleições gerais serão decisivas para o arranjo final dessas legendas. O PDT tende a migrar para o apoio a Bruno Reis para tentar costurar uma dobradinha com Ciro Gomes para a presidência e ACM Neto para o governo. Já o PL é aquilo que o MDB já fora um dia: independente de quem estiver no comando, a sigla é governo. Por isso, caso os pedetistas façam uma composição com o DEM, o espaço vazio deixado pelo PDT pode ser mais interessante do que uma boa bancada na Câmara de Salvador – que seria a opção ao lançar Irmão Lázaro para o Legislativo.
É melhor um pássaro na mão do que dois voando? É essa a resposta que PDT e PL devem ter que responder até as convenções partidárias. Até aqui, ambas as siglas parecem estar mais dispostas a ficar com as duas opções. Pena que, em política, não dá para querer tudo…
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