Engenheiro abolicionista baiano André Rebouças terá nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria

Bahia

O  engenheiro, professor e abolicionista baiano André Rebouças terá o seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria Brasileira. Foi o que decidiu a Comissão de Educação do Senado, ao aprovar o PL 1.774/2024, de autoria do deputado Alessandro Molon (PSB/RJ). Como o projeto foi aprovado em caráter terminativo, deve seguir para sanção presidencial sem precisar passar pelo Plenário. 

 

André Pinto Rebouças nasceu em Cachoeira, província da Bahia, em janeiro de 1838. Era filho do advogado baiano Antônio Pereira Rebouças, que em 1842 foi eleito deputado pela Bahia no Parlamento Imperial. A partir desse ano, a família Rebouças foi morar no Rio de Janeiro.

 

Em 1854, André Rebouças ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro, concluindo o curso preparatório para oficialado em 1857 como 2° tenente. Bacharelou-se em 1859 em Ciências Físicas e Matemáticas pela Escola Militar da Praia Vermelha, obtendo o grau de engenheiro militar em 1860. André foi o primeiro engenheiro negro a se formar pela Escola Militar.  

 

No Rio de Janeiro, então capital do Império, André Rebouças ganhou fama ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade. Em 1865, preocupado com a Guerra do Paraguai e cheio de ideias, se ofereceu diretamente ao imperador Dom Pedro II, que lhe encaminhou para o Ministério da Guerra.

 

Em maio de 1865, o tenente André Rebouças, então com 26 anos, partiu para a guerra. Aos poucos, foi se tornando um oficial conceituado. O Conde d’Eu foi acatou a tática idealizada por Rebouas de manter o cerco a Uruguaiana, tomada pelos paraguaios, sem bombardear a cidade.

 

A tática de André Rebouças deu certo, e a guarnição que invadiu Uruguaiana finalmente se rendeu. Estava se iniciando assim uma longa amizade entre o engenheiro e o príncipe, o Conde d’Eu.

 

Em outubro de 1866, o ministro da Fazenda, Zacarias de Góis, nomeou André como engenheiro da Alfândega para dirigir as obras de construção das docas do Rio de Janeiro. Rebouças cuidou da parte técnica, administrativa e foi o relações públicas. 

 

Entre seus feitos, André Rebouças planejou e construiu as docas da Alfândega e da Gamboa no Rio, além de ter projetado uma rede de abastecimento de água para a cidade. Ele também estudou e projetou as docas do Maranhão, de Cabedelo, do Recife e da Bahia.

 

Em 1871, André e seu irmão Antônio, também engenheiro, apresentaram ao imperador D. Pedro II o projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, na cidade de Antonina. Quando da execução do projeto, o trajeto foi alterado para o porto de Paranaguá. Até hoje, essa obra ferroviária se destaca pela ousadia de sua concepção.

 

As soluções encontradas para o transporte dos obstáculos da Serra do Mar foram consideradas um feito para a época e a malha ferroviária é reconhecida hoje como a maior obra da engenharia férrea nacional. 

 

Nesse mesmo ano de 1871, Rebouças acabou sendo demitido da Alfândega. Da indenização que recebeu, André Rebouças ajudou seus auxiliares e operários, e destinou parte para o sustento de seus irmãos menores. Em 1872 faleceu seu irmão Antônio.

 

Nesse mesmo ano, Rebouças foi para a Europa. Visitou Portugal, Madri, Paris e em dezembro chegou à Itália onde se encontrou com Carlos Gomes, assistiu seus ensaios da ópera “O Guarani”. 

 

Em 1873 viajou para Londres e depois para Nova Iorque. Teve dificuldades de conseguir vaga em um hotel e concluiu que era por causa da cor de sua pele. Foi também impedido de assistir um espetáculo no Grand Opera House. Antes mesmo de sua viagem à Europa e aos Estados Unidos, quando sofreu com a discriminação racial, André Rebouças já se pronunciava a favor da abolição da escravatura.

 

Rebouças permaneceu na Europa até 1883, retornando ao Brasil para dar continuidade à campanha pela abolição da escravatura. Ao participar do último baile do império, na Ilha Fiscal, em 9 de novembro de 1889, quase às vésperas da proclamação da república, viu recusado por uma mulher o seu convite para dançar. 

 

Observando o ocorrido, o imperador D. Pedro II imediatamente solicitou à Princesa Isabel para ser seu par. Com a abolição, veio também a queda do império, e, assim, em 1889, André Rebouças embarcou, juntamente com a família imperial, com destino à Europa. Por dois anos, ele permaneceu exilado em Lisboa, como correspondente do The Times de Londres. 

 

Posteriormente, André transferiu-se para Cannes, onde permaneceu até a morte de D. Pedro II, em 1891. Em 1892, Rebouças aceitou um emprego em Luanda, onde permaneceu por 15 meses. A partir de meados de 1893, residiu em Funchal, na Ilha da Madeira, até sua morte no dia 9 de maio de 1898.

 

A Rua André Rebouças, no bairro da Ribeira, em Salvador, homenageia o baiano ilustre e que agora terá o seu nome inscrito no livro dos Heróis da Pátria, assim que o projeto aprovado pela Comissão de Educação do Senado for sancionado pelo presidente Lula. 

 

André Rebouças também é homenageado em outras cidades do Brasil, como em São Paulo com a Avenida Rebouças; o Rio de Janeiro, com a Avenida e o Túnel Rebouças; Porto Alegre, com a rua Engenheiro Antônio Rebouças; e Curitiba, com o bairro Rebouças e a Rua Engenheiros Rebouças. 

(Matéria com informações da Wikipédia)

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