Bruno tem 40% a mais de recursos que a soma de todos os candidatos à Prefeitura de Salvador
Bahiapor Ailma Teixeira / Bruno Luiz
Maior coligação, maior tempo na propaganda de televisão e, especialmente, mais dinheiro. Esses são só alguns dos elementos a favor do vice-prefeito Bruno Reis (DEM) na corrida pela Prefeitura de Salvador. Até a manhã desta quinta-feira (5), o candidato do prefeito ACM Neto (DEM) recebeu exatos R$ 8.331.750 milhões.
O número foi extraído do portal Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com base na fonte oficial, o Bahia Notícias identificou que Reis recebeu quase 40% a mais do que a soma de doações registradas por todos os seus opositores – juntos, os demais receberam R$ 5.060.534,34 até esta data.
Arte: Priscila Melo/Bahia Notícias
“A gente vê uma discrepância, uma distorção enorme”, ressalta Geraldo Galindo, vice-presidente estadual do PCdoB e coordenador da campanha de Olívia Santana, a candidata da sigla. Para driblar essa diferença, ele explica que o jeito é “usar a criatividade, a militância e a empolgação de boa parte do eleitorado”.
“Fazer uma campanha nessas condições é muito complicado, muito difícil. O eleitorado fica nos cobrando mais visibilidade na cidade, mais cartazes e não temos como competir com um esquema milionário desse. É praticamente impossível, não dá pra fazer uma competição quando as condições aparecem de maneira tão desigual”, destaca Galindo, em entrevista ao Bahia Notícias.
Atualmente, a candidata é a terceira com mais recursos, tendo recebido R$ 1.427.264,98. A maior parte do montante, mais de R$ 1,1 milhão, partiu da direção nacional do PCdoB. Na sequência, aparece a direção estadual do Progressistas, partido que indicou o atleta Joca Soares para o posto de candidato a vice. Na última quinta (29), o BN chegou a publicar uma matéria indicando que o PP ainda não havia feito nenhuma doação, mas, dias depois, a legenda comandada pelo vice-governador João Leão repassou R$ 85 mil para a chapa.
LANTERNINHA DE RECURSOS
Se para a campanha de Olívia, que também alcança cifras milionárias, a discrepância é grande, maior ainda é a diferença de Bruno Reis para o candidato do PCO, Rodrigo Pereira. Pelos dados divulgados no TSE, o postulante do Partido da Causa Operária recebeu apenas R$ 1 mil e, entrevista ao BN, disse que ao final do processo eleitoral, o total arrecadado não deve nem chegar a R$ 10 mil.
“A gente faz milagre com aquilo que a gente tem acesso”, disse Pereira, em referência ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). De acordo com a distribuição de recursos divulgada pelo TSE, em junho, o PCO recebeu R$ 1.233.305,95, menor valor disponibilizado a partidos.
Esse montante, menor do que o total arrecadado pelas campanhas de Bruno, Olívia e Pastor Sargento Isidório (Avante), é tudo que a legenda teve direito para repassar a seus candidatos que concorrem às eleições municipais no país.
“No nosso caso, a gente analisou que não teria condição de alugar um carro, por exemplo”, pontua Pereira. Ele afirma que usa o transporte público para fazer campanha e conta com ajuda de amigos quando precisa usar um transporte por aplicativo. “Eu pego ônibus, não tenho carro, embora tentei buscar com amigos. Mas, por causa da pandemia, muitos não estão podendo ajudar”, lamenta, acrescentando que a campanha que ele conduz agora é a mesma “luta política de todo dia”.
VANTAGEM DE BRUNO
Para o cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Cláudio André de Souza, a larga vantagem de Bruno Reis em recursos de campanha se deve a dois fatores: priorização da candidatura dele pelo DEM por causa da perspectiva de vitória nas urnas e a ampla coligação que o apoia.
“Em Salvador, vemos uma candidatura tratada de maneira prioritária pelo DEM. Isso se reflete muito pela posição de ACM Neto, presidente nacional do partido e liderança nacional. E também, se você fez uma coligação ampla, você tem mais recursos disponíveis. O sucesso financeiro dele decorre dessa perspectiva de uma aliança mais robusta, de partidos com acesso ao fundo eleitoral”, explica.
Dono de coligação com 14 partidos, Bruno foi agraciado com doações do PL (R$ 2,7 milhões), PSL (R$ 1,2 milhão), do Republicanos (R$ 350 mil) e do PDT, sigla da sua vice Ana Paula Matos (R$ 500 mil). As cifras ajudaram a engordar ainda mais a conta, que já tinha R$ 3,5 milhões do DEM.
Com 61% das intenções de votos e uma provável vitória em primeiro turno, segundo dados da última pesquisa Ibope/TV Bahia, Bruno é o candidato do DEM com situação mais confortável entre as capitais nas quais o partido aparece com chances de vencer o pleito.
Por outro lado, a falta de perspectiva de vitória pode ter feito as siglas meterem o pé no freio em relação a repasses para os outros candidatos na disputa pelo Executivo em Salvador. “A chance de vitória é um limitador. A gente tem uma eleição que, desde o início, consolidou o nome de Bruno Reis como o candidato da continuidade e com chances reais de vitória na campanha”, avalia.