“Bolsonaro é uma farsa e só prejudicou a Bahia”, diz Otto Alencar
BahiaSenador enfatiza que o candidato do PT ao governo, Jerônimo Rodrigues, está preparado para governar a Bahia
Reeleito com 4.218.333 votos, o senador Otto Alencar é enfático ao afirmar que o candidato do PT ao governo, Jerônimo Rodrigues, está preparado para ser governador da Bahia e dar seguimento ao legado de Wagner e Rui nos próximos anos. De acordo com ele, a força do ex-presidente Lula foi fundamental para embalar a campanha na reta final. “Nós temos um projeto que vem dando certo há algum tempo, com grandes realizações”
Otto também diz que o presidente Jair Bolsonaro fez um cerco contra o governador Rui Costa, na tentativa de inviabilizar seu governo. De acordo com o senador do PSD, “Bolsonaro é uma farsa e só prejudicou a Bahia”. Confira:
Otto, você foi o grande vencedor dessa eleição. Teve uma vitória expressiva. Como viu esse resultado e sua reeleição para o Senado?
Nós trabalhamos em uma equipe com 7 partidos aliados com o apoio importante do presidente Lula e também de lideranças como o senador Jaques Wagner, o senador Ângelo Coronel, o governador Rui Costa, deputados federais, estaduais, prefeitos, vice, ex-prefeitos, vereadores. Um conjunto que apoiou a nossa chapa. Rodamos muito o estado. Primeiro com o programa de governo participativo, e depois com comícios, carreatas, caminhadas. Foram intensas, porque chegamos a fazer até 7 municípios em um dia, até de distância muito grande entre as cidades, mas é com muita força, muita coragem e também acreditando que nós temos um projeto que vem dando certo há algum tempo, com grandes realizações e que Jerônimo está preparado para ser governador e dar seguimento a esse legado de Wagner e Rui nos anos que ele for gestor. Então, nunca tivemos falta de vontade, de coragem, de determinação para levar a nossa mensagem.
Como você viu o resultado das urnas e essa margem que Jerônimo manteve sobre ACM Neto?
No meu caso, eu quero agradecer ao povo da Bahia essa vitória que eu tive para o Senado. Aos vencidos, eu dedico respeito e consideração. No meu caso, a missão, a responsabilidade para desenvolver meu trabalho, sobretudo de forma ética, correta, buscando no Senado defender meu estado e os estados da federação em projetos importantes que eu sei que vão tramitar no próximo ano, tais como reforma tributária, revisão dos recursos para o Sistema Único de Saúde, ampliação de universidades federais. No caso aqui da Bahia, eu creio que nós vamos ter que seguir com programas que estão dando certo. Ampliação da oferta de hospitais de alta complexidade, extensão de redes de abastecimento de água, de serviços de energia elétrica, também dos parques eólicos fotovoltaicos para produção de energia, e infraestrutura urbana e também de estradas.
Esse é o projeto do Jerônimo. E na área de educação as escolas de tempo integral que foram iniciadas por Rui e Jerônimo foi o idealizador quando foi secretário da educação. Então, essa é a visão nossa de trabalhar sempre com solução para as dificuldades sociais da população. A Bahia sofreu muito com o governo Bolsonaro, porque o estado foi discriminado. Eu desafio, por exemplo, os seguidores na Bahia de Bolsonaro a apontarem uma obra nova que ele iniciou. Ele não tem uma obra iniciada, pelo contrário, ele marcou, Bolsonaro fez o cerco sobre o governador Rui Costa, achando que nós íamos nos render, mas a reação nossa foi de luta, trabalho e conseguimos superar essa dificuldade imposta pelo Governo Federal.
Lula mostrou ter mais força ainda aqui na Bahia do que as próprias pesquisas mostravam. O que esperar para esse segundo turno? Lula cresce e Jerônimo amplia margem sobre ACM Neto?
Jerônimo, como as pesquisas que foram publicadas pelo Instituto Atlas Intel acertaram, porque nós tínhamos esses números por outras avaliações internas nossas. Então, ele chegou quase a superar 50% e ganhar no primeiro turno, que era uma situação que nós esperávamos que pudesse acontecer. Tem que trabalhar agora com humildade, com determinação, coragem, levando a mensagem e buscando ampliar essa vantagem que aconteceu no primeiro turno. Muitos prefeitos que votaram no candidato da oposição estão nos apoiando agora já no segundo turno, são vários, até agora mais de 10 prefeitos, deputados.
Eu acho que nós estamos nos fortalecendo, porque esses apoios são importantes em vários municípios, e a nossa expectativa para o segundo turno é de que possamos vencer as eleições. Mas com o pé no chão. Com a sandália da humildade, com determinação, como fizemos no primeiro turno. Creio até que no início da campanha, lá para março, abril, maio, junho, o candidato da oposição até subestimou a nossa força. Menosprezou a nossa força, como se nós não tivéssemos serviço prestado, e temos. Como se não tivéssemos uma história de política, de trabalho, de luta, de soluções para o povo da Bahia e nós temos. Um grupo forte e nós temos.
E Lula, sem dúvida nenhuma, é o grande eleitor na área presidencial, até porque fez muito pela Bahia. Muitas realizações. E eu acho que agora no segundo turno a tendência é ampliar a frente sobre Jair Bolsonaro, que não fez nada pelo nosso estado, e Lula tem grandes realizações. Cinco universidades, escolas técnicas, luz para todos. Vários programas sociais. Ampliação do Sistema Único de Saúde, Farmácia Popular, SAMU. Todos são programas que vieram com Lula. Bolsonaro não tem absolutamente nada, é um vazio total, é uma farsa. Bolsonaro é uma farsa é só prejudicou a Bahia. E na CPI fez o povo baiano e o povo brasileiro de cobaia, receitando uma medicação ineficaz, e ele não é da área de saúde. Funcionou como… Aquele que não é da área da saúde e pratica medicina é chamado de que? Charlatão. Presidente charlatão na área de saúde.
Os votos de Bolsonaro na Bahia e o apoio não declarado de ACM Neto. Como o eleitor vai se comportar nesse segundo turno?
As eleições para o governo do estado são muito contextualizadas com alguma referência nacional, como sempre foi. A nossa referência e o programa nacional que está ligado ao nosso programa aqui na Bahia é o programa do presidente Lula, com quem eu estive ontem em Brasília, ao lado do prefeito do estado do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, com os senadores Alexandre Silveira, Carlos Bárbaro, Omar Aziz, mais 3 ou 4 senadores que apoiam. E essa eleição estadual é sempre contextualizada com a nacional. Eu não quero avaliar o que pensa e o que deve fazer o candidato da União Brasil. Eu acho que nós temos sempre que cuidar do nosso trabalho, nosso projeto, e seguir em frente, porque é uma maneira que eu tenho, sempre tive de procurar trabalhar dentro do meu espaço, e acreditar naquilo que eu faço, que é o projeto que eu abracei.
As urnas mostraram o Brasil mais conservador e um Congresso mais conservador ainda, senador. Como o senhor avalia isso?
O Bolsonaro aprovou no Congresso de última hora esse Auxílio Brasil de R$600. Isso deve ter influenciado muito na decisão do eleitor no país. Além disso, tem uma certa tendência hoje para essa proposta de extrema direita de Bolsonaro, que é um engodo, uma proposta que não serve ao Brasil, porque ela tem tentado fragilizar a democracia, a cidadania, o estado democrático de direito. E eu creio que o país não pode retroceder dos avanços democráticos que alcançou ao longo desse período da redemocratização depois da primeira eleição em 1989 do Collor. Não é nem uma posição só conservadora, é uma posição de um setor da elite brasileira que quer preservar direitos que já estão conquistados e que se acham de alguma forma ameaçados quando há uma possibilidade de crescimento das populações economicamente mais fracas.
Essa é a posição que eu percebi muito agora na campanha. Todos nós queremos que todos melhorem de vida. Não pode ser essa posição que defende o Paulo Guedes de uma proposta de economia neoliberal que concentra mais renda e aumenta o fosso entre as classes sociais. Isso vai dar um problema muito grave, que é o aumento do desemprego, dos trabalhadores na informalidade, na fome que voltou ao mapa do Brasil em 2018, com Temer, e se aprofundou com Jair Bolsonaro. Então, é preciso entender que todos precisam e todos querem ter acesso aos bens civis que a sociedade brasileira pode oferecer. E aqueles economicamente mais fracos têm que ter a mão estendida do poder público, seja do município, governo do estado ou Governo Federal.
Senador, uma eventual eleição de Bolsonaro no segundo turno automaticamente o fortalece. Isso pode intimidar e tensionar a relação entre os poderes em um novo governo?
Eu acho que ele já tensionou demais com o próprio Senado Federal. Não tensionou com a Câmara porque ele formou a maioria com o Centrão que ele obedece fielmente a aquilo que o Centrão deseja. Com o Poder Judiciário tensionou muito. No início, ele tensionou também com o Ministério Público. Depois com a indicação de Augusto Aras distensionou. E eu acho que não serve para a democracia a possibilidade da vitória do Bolsonaro, nem tampouco serve para a economia, essa questão do desemprego, e pior ainda a imagem do Brasil no cenário internacional, muito abalada, com um isolamento completo do governo Bolsonaro dos países mais democráticos do mundo. Tanto que eu não trabalho com essa possibilidade de vitória.
Eu trabalho com a possibilidade de vitória do presidente Lula e eu vejo que o presidente está muito confiante pelo que eu vi ontem com os apoios que ele recebeu do PDT, hoje da Simone Tebet. E nós aqui do Nordeste somos permanentemente discriminados pelas declarações do presidente da república. Ele é excludente, como se nós tivéssemos que estar isolados do Brasil, quando o Brasil é um país que fala um só idioma e todos somos brasileiros iguais, com diferenças culturais por região ou por outros índices de desenvolvimento econômico ou social, mas ele quer discriminar o povo nordestino e nós nunca fizemos isso nem com os cariocas, com os paulistas, com os gaúchos. Basta olhar o que está acontecendo no oeste da Bahia com o agronegócio. São os gaúchos, paranaenses, cariocas, todos muito bem recebidos pelos baianos e pelo povo nordestino.
O PSD comanda a Assembleia hoje com Adolfo Menezes, que é candidato natural à reeleição, e caso se confirme a vitória de Jerônimo, o cenário é de que um governista comande o Parlamento. Só que Ivana já falou do desejo de disputar a Assembleia. Como o PSD vai organizar isso internamente, já que são dois quadros do partido?
Quem tem que decidir isso é o conjunto de deputados da casa. Eu, por exemplo, fui presidente em uma aliança com a oposição, numa relação de forcas que precisa ser estabelecida. Então, os candidatos devem se manifestar e devem procurar resolver a presidência ouvindo todos aqueles que foram eleitos. Eu não vou tomar partido escolhendo um nome, mesmo sendo do PSD, embora o Adolfo tenha sido um bom presidente, muito correto, reúne as condições para continuar, como também reúne a Ivana de pleitear, outro candidato que venha a surgir. Você me respondeu, inclusive, a pergunta. Eu acho que deve esperar o pleito das eleições, na minha opinião, Jerônimo vencerá as eleições, e aí internamente a casa vai decidir como proceder para a escolha do presidente. Eu não tenho nenhuma posição de preferência. Eu acho que é uma casa legislativa de iguais, então aquele que reunir mais condições eu acho que deve ser o presidente.
Fonte: A Tarde