Aposta única em ‘peso’ de Bruno Reis é erro que pode facilitar vitória de vice em Salvador
Bahiapor Fernando Duarte
Adversários apostam que o vice-prefeito Bruno Reis é um candidato “pesado”. Esse é um discurso recorrente de interlocutores da base aliada do governador Rui Costa, especialmente do entorno dos potenciais adversários dele na corrida pelo Palácio Thomé de Souza. Na avaliação deles, ainda não é perceptível a transferência de votos do prefeito ACM Neto para o afilhado político. É um bom argumento para motivar quem, claramente, está atrás nessa disputa. Isso não quer dizer que Bruno Reis vencerá com os pés amarrados. Porém mostra que há certo simplismo em menosprezar o principal candidato no próximo mês de novembro.
O atual vice-prefeito tem ao seu lado uma gestão bem avaliada e um potencial de rejeição menor do que os políticos mais tradicionais que seguem na disputa, a exemplo de Sargento Isidório (Avante), Lídice da Mata (PSB), Bacelar (Podemos) e Olívia Santana (PCdoB). No quesito desconhecimento, Major Denice (PT) lidera a corrida, porém sem expressividade testada nas urnas. Como costumam falar aliados de Bruno Reis, há uma confluência de fatores que podem torná-lo franco favorito. Resta saber como ele vai aproveitar essas “qualidades” sem deixar que eventuais críticas negativas se impregnem facilmente.
Até aqui, a estratégia adotada pelo grupo de ACM Neto foi acertada. Desde antes de ser escolhido como vice, Bruno Reis deixou de ser um mero articulador nos bastidores para começar a aparecer em cargos mais executivos. Quando o prefeito optou por concluir o mandato, esse viés foi intensificado, a partir da alocação de Bruno na Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), uma das principais ferramentas da máquina para fazer a “micropolítica”, quando os eleitores associam obras a gestores de maneira facilitada.
Mesmo fora da Seinfra, Bruno Reis seguiu sendo associado às obras enquanto era possível fazer inaugurações. Agora, já mais “livre” na condição de pré-candidato, passou a tratar de forma mais direcionada dos próprios rumos eleitorais. O ônus das medidas restritivas é de ACM Neto, enquanto o vice aparece como um elo relevante entre lideranças comunitárias e a gestão municipal para tentar flexibilizá-las. É uma narrativa importante em um contexto de pandemia e sem a campanha mais tradicional. E algo que nenhum adversário poderia dispor.
Se os adversários seguirem apostando unicamente no “peso” de Bruno Reis para se viabilizar na campanha eleitoral, a chance de dar errado é grande. O vice pode não ter o carisma e a musculatura política de ACM Neto, mas parece estar no lugar certo na hora certa. Mesmo que não vença no primeiro turno, chegaria à segunda etapa com mais chance do que qualquer outro nome colocado na disputa.
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