ACM NETO E ZÉ RONALDO: O PREÇO DA LEALDADE
BahiaA história de vida e também política de José Ronaldo é recheada de riquezas, principalmente em sua trajetória como um líder municipalista.
Zé Ronaldo, iniciou sua carreira política como vereador, foi deputado estadual, deputado federal, e por quatro mandatos prefeito da segunda maior cidade da Bahia, Feira de Santana. Manteve seu nome limpo e também sua lealdade ao Carlismo, desde a época do líder Antônio Carlos Magalhães.
Ao longo de sua trajetória, não deixou em nenhum momento o lado escolhido por ACM. Inclusive, quando todas as pesquisas indicavam que ACM Neto, então do DEM, era o favorito ao governo da Bahia em 2018 e mesmo assim não aceitou sair da prefeitura de Salvador para disputar contra Rui Costa, do PT, que tentava a reeleição, foi a Zé Ronaldo que coube deixar o mandato em Feira de Santana para ser humilhado nas urnas pelo atual governador, com o único objetivo de manter o grupo unido. A tática funcionou internamente: a bancada do DEM ficou mais robusta e tornou-se o União Brasil.
Ao deixar a prefeitura de Feira para disputar o cargo de governo da Bahia, Zé Ronaldo já sabia que não tinha chances de vencer Rui Costa, mas se doou assim mesmo, fazendo as vontades dos líderes carlistas.
A derrota para Rui Costa do PT foi humilhante! O ex-prefeito obteve apenas 22,25% dos votos válidos e o pleito foi decidido no primeiro turno. Porém, o DEM conseguiu eleger uma bancada muito grande por conta de sua devoção ao grupo.
Não se sabe ao certo o que foi acordado em 2018 para que ele largasse tudo para ser sacrificado como um cordeiro e são muitas as teorias, inclusive a de que a compensação se daria agora, em 2022.
E, iniciada a pré-campanha, o nome de Zé Ronaldo estava sempre em alta nas bolsas de apostas para ser o vice de Neto, uma vez levada em consideração a sua experiência como gestor, como político municipalista, lealdade incondicional ao grupo liderado pelo avô de Neto, o sacrifício em 2018 e o fato de estar ao lado do ex-prefeito de Savaldor em todos os momentos, desde que o mesmo começou a andar pelo estado.
Sua presença ao lado de Neto era constante e para muitos não restavam dúvidas de que ele seria mesmo o escolhido para pleitear a vice-governadoria, ao lado do Carlista.
Após o anúncio realizado no dia 04 de agosto, quinta-feira, ficou claro que ACM Neto não foi transparente com José Ronaldo.
A escolhida, sobrinha do ex-governador e atual prefeito de Guanambi Nilo Coelho(UB), Ana Coelho, entrou no partido Republicanos no último dia permitido pela Justiça Eleitoral em 02 de abril de 2022. Tudo indica que já havia um movimento premeditado para que o vice não fosse o Zé Ronaldo e muito menos Marcelo Nilo.
Zé Ronaldo, inclusive, tentou mudar para o Republicanos um tempo antes, mas sua entrada foi negada.
Por coincidência ou não, o Republicamos indicou a empresária desconsiderando a pesquisa qualitativa feita pelo União Brasil para buscar nomes que pudessem agregar às chapas.
O decepção para José Ronaldo foi grande, pois quando Marcelo Nilo, ciente de que não ocuparia a chapa, anunciou sua candidatura a deputado estadual, o ex-prefeito de Feira ficou ainda mais confiante, assim como diversas lideranças do grupo, que o procuraram para declarar apoio a escolha de seu nome. Além disso, na noite anterior, Zé Ronaldo teria tanta certeza da escolha que comunicou à sua família que o anúncio seria feito no dia seguinte. No entanto, após todas as reviravoltas, ele sequer compareceu ao evento em que Ana Coelho foi finalmente anunciada como vice de Neto.
O exemplo de José Ronaldo serve para muitos políticos ligados a ACM Neto, principalmente aqueles que vêm acompanhando o grupo desde a liderança do “Velho Cabeça Branca”. Os tempos mudaram e lealdade não é um fator que tem peso para o novo líder Carlista.
Os discursos na Convenção do União Brasil, realizada nesta sexta-feira, dia 05, falavam em formar uma chapa jovem, da forma que o próprio Neto vinha indicando que faria, após declarar que Nilo não seria seu vice e ao preterir João Leão em detrimento de Cacá para o Senado. Ao que tudo indica, na liderança de Neto, a experiência dos mais velhos não tem relevância.
Depois de tudo, José Ronaldo está incomunicável e recluso e fontes próximas indicam que ele só deverá se pronunciar na terça-feira. Naturalmente, neste momento, muitos Carlistas estão tentando convencer a família a não deixar que ele rompa com o grupo para apoiar João Roma, como já se especula.
O ocorrido, porém, serve de lição para todos os políticos, pois se até José Ronaldo, homem leal ao carlismo foi preterido, não há garantias para ninguém.
A reflexão que fica, diante das denúncias de José Ronaldo, é a seguinte: Qual o preço da lealdade?
Escrito por Auréllio Alaveres – Cientista Politico