Em 2019, a Lavagem do Bonfim foi marcada pela concórdia e pelo ‘sincretismo’ político

Política da Bahia

Em 2019, a Lavagem do Bonfim foi marcada pela concórdia e pelo 'sincretismo' político

Foto: André Carvalho / Ag Haack / Bahia Notícias

Convertida também na inauguração do calendário político da Bahia, a Lavagem do Senhor do Bonfim de 2019 foi marcada por certo grau de esfriamento do assunto. Mesmo com os dois principais atores, Rui Costa e ACM Neto, presentes, a festa foi ainda mais profana do que sagrada, como já vinha sendo a tradição, mas também menos politizada. Até mesmo o governador e o prefeito incorporaram o Hino do Bonfim e preferiram a concórdia a qualquer tipo de tensionamento. Prevaleceu a paz.

 

Estimativas extra-oficiais apontam que a edição de 2019 da mais tradicional festa do sincretismo religioso da Bahia foi a maior da história. Em número de pessoas, talvez. Porém a tradição da lavagem das escadarias foi mantida por um grupo cada vez menor de baianas. É preciso incentivar a renovação da tradição para que não se perca com o tempo. Fora essa preocupação, o Bonfim foi uma bela festa.

 

Depois de “deixarem as ideologias no gabinete”, como defendeu um dos líderes religiosos que estavam à frente da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Rui e ACM Neto se misturaram à população. Não que nos anos anteriores isso não tenha acontecido. O diferencial desta quinta-feira (17) foi que os grupos dos dois líderes acabaram misturados e os já tradicionais blocos políticos não ficaram tão estanques como no passado. Foi quase um sincretismo partidário, do ponto de vista da ocupação de espaços.

 

A sensação é de que, sem a iminência de eleição, as lideranças estavam “desarmadas” de tensões, o que permitiu que andassem lado a lado, ainda que divididas pelas respectivas claques. O Bonfim, nesse ponto, pareceu mais “mágico” do que em outras oportunidades, pois conseguiu juntar água e óleo, de mãos dadas – ainda que tenha sido apenas para rezar o Pai Nosso.

 

Entre as figuras destacáveis do contexto eleitoral, além do governador e do prefeito, chamou a atenção o intenso assédio a Bruno Reis e Geraldo Jr., cercados por seus súditos fiéis (ou nem tanto assim), e de Guilherme Bellintani, em parte pela presidência do Bahia, mas também por ser citado como um candidato forte para 2020. Do lado de Rui, nenhum nome pareceu saltar dos olhos além do próprio ocupante do Palácio de Ondina.

 

Como preza as homenagens ao Senhor do Bonfim, em 2019 prevaleceu a paz entre os baianos. Que o ritmo de sincretismo ditado pela Lavagem siga pelo resto do ano.

 

PS: Depois de uma ausência temporária ano passado, o Bonfim não teve em definitivo a presença do ex-governador Waldir Pires, que até 2017 percorria os 8km até a Colina Sagrada ao seu próprio passo. A ele, nossa homenagem.

Bahia Notícias

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