Bolsonaro e filhos recuam e cessam ataques a Marçal
A família e os principais aliados de Jair Bolsonaro (PL) cessaram desde sábado (24) os ataques ao coach Pablo Marçal (PRTB).
O ex-presidente foi além, e chegou a criticar a decisão da Justiça Eleitoral que tirou as redes do candidato a prefeito do ar.
Marçal foi acusado de abuso de poder econômico pelo PSB, partido da também candidata Tabata Amaral (PSB), ao promover cortes monetizados de vídeos.
“Independente de quem tenha a rede censurada, eu não compactuo com essa prática, porque cada vez mais vai se tornando uma rotina. Daqui a pouco estamos todo mundo aí censurado”, escreveu Bolsonaro, apoiado na sequência por seus filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro.
A coluna conversou com três aliados do núcleo mais próximo de Bolsonaro, e ouviu explicações variadas para o recuo aos ataques.
Uma delas: o ex-presidente e sua família não seguiram criticando o coach para não parecer que estavam apoiando o que chamam de “censura” a ele nas redes.
Mas outras razões foram elencadas, mostrando que o bolsonarismo estaria com dificuldade de calibrar o necessário enfrentamento ao coach.
A maior surpresa para o grupo foi a reação dos eleitores identificados como de direita.
Os filhos de Bolsonaro e aliados próximos foram duramente criticados nas redes sociais por bolsonaristas ao atacarem Marçal.
A investida, portanto, não teve o sucesso esperado, diferente do que ocorreu no passado quando o time de Bolsonaro decidiu incinerar um adversário da direita.
Os exemplos citados são Sergio Moro (União Brasil) e Joice Hasselmann (Podemos), que sofreram investidas de aliados de Bolsonaro e saíram da disputa menores do que entraram.
Marçal, ao contrário, teria crescido ao ser defendido por eleitores que se identificam como de direita. Aliados também ponderam que Bolsonaro e seus filhos não deveriam colocar ainda mais holofotes sobre Marçal ao chamá-lo para a briga.
Só o coach teria a ganhar com isso, ganhando palco e usufruindo do prestígio que a família e o ex-presidente conquistaram ao longo de décadas de militância, e depois o patriarca ocupar a Presidência da República.
“Ao entrar nessa disputa, Bolsonaro dá a ele uma relevância que Marçal ainda não tem”, diz um dos maiores aliados do ex-presidente.
Pior ainda: caso os ataques prossigam, e ele ainda assim ele vá ao segundo turno das eleições municipais em São Paulo, a derrota cairia no colo da família, que teria se empenhado em vão em derrotá-lo.
Um terceiro aliado afirma ainda que a família Bolsonaro estaria tomando para si uma missão que seria do prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), candidato à reeleição.
Caberia a ele, e não ao ex-presidente e seus aliados, desconstruir o coach –algo que até agora a candidata Tabata Amaral tem feito com maior eficiência, diz o mesmo interlocutor de Bolsonaro.
Há, no entanto, um consenso: Marçal precisa ser, sim, combatido, pois sua vitória em São Paulo representaria um desafio inédito para a liderança de Bolsonaro no campo da direita.
Mônica Bergamo, Folhapress