Membros de órgão de controle do Ministério Público estudam investigar Janot

Brasil

Integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) avaliam pedir investigação contra o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot por ter relatado, em entrevistas, um plano para matar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa está sendo discutida reservadamente por um grupo de conselheiros do órgão. A ideia é pedir que o assunto seja tratado no âmbito de uma reclamação disciplinar perante a Corregedoria do CNMP. Na quinta (26), Janot disse à Folha e a outros veículos de imprensa que, numa ocasião, foi armado ao Supremo com a intenção de executar Gilmar e, em seguida, suicidar-se.

O relacionamento dos dois foi marcado por embates jurídicos e acusações de parte a parte, especialmente por causa da condução de processos da Lava Jato. O episódio está descrito em livro de memórias que o ex-procurador acaba de lançar. No livro, “Nada Menos que Tudo” (editora Planeta), escrito com a colaboração dos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, Janot faz um balanço de sua atuação à frente da Lava Jato e rebate as críticas que recebeu durante sua atribulada gestão. Segundo um dos conselheiros, ouvido reservadamente pela Folha, embora planejar um ilícito sem concretizá-lo não configure crime, o caso de Janot pode ter implicações disciplinares e civis, pois ele era da ativa e chefiava a PGR (Procuradoria-Geral da República) à época dos fatos.

Outra questão a ser investigada é trecho do livro que indica possível prevaricação de Janot, segundo criminalistas. Janot teria se omitido sobre supostas solicitações ilegais recebidas por ele enquanto estava à frente da PGR. No livro, ele afirma que o então vice-presidente Michel Temer (MDB) e o então senador Aécio Neves (PSDB-MG) pediram sua ajuda em ações sob sua responsabilidade. Segundo Janot, Temer o procurou em março de 2015 para requerer o arquivamento da primeira investigação aberta contra o correligionário e então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso no Rio. Já sobre Aécio, o ex-procurador-geral disse que, em 2017, o tucano lhe ofereceu cargos na tentativa de evitar a abertura de investigações sobre suas relações com a empreiteira Odebrecht. De acordo com Janot, Aécio pensava em se candidatar à Presidência da República nas eleições de 2018 e lhe ofereceu o Ministério da Justiça e a vaga de vice da chapa.

Folha de S.Paulo

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