Bolsonaro constrange francês e dá munição a opositor de UE-Mercosul
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Jair Bolsonaro
Os 12 minutos da live feita por Jair Bolsonaro (PSL) enquanto cortava o cabelo podem não ter jogado fora os 20 anos de costura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, mas arriscam atrapalhar o ritmo da aprovação do pacto. O motivo foi o compromisso que o presidente brasileiro cancelou para logo depois discorrer na internet sobre a morte, na ditadura, do pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Era um encontro, às 15h de segunda-feira (29), com o poderoso chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, considerado um dos braços direitos do presidente Emmanuel Macron. A Folha ouviu de diplomatas ligados à visita de Le Drian que o sentimento do chanceler variou da frustração inicial à ge nuína irritação, quando a imagem do mandatário sob tosa surgiu no Facebook logo depois do período previsto da audiência. Mesmo a versão oficial de que a agenda do presidente estava subitamente apertada não correspondia à verdade, segundo diplomatas em Paris. Na reunião que teve com o chanceler Ernesto Araújo, pela manhã, o brasileiro já havia dito que Bolsonaro ficara agastado com os mais recentes movimentos franceses em relação à política ambiental brasileira. Em maio, Macron recebera o famoso cacique Raoni para falar de desmatamento da Amazônia, foco sensível do governo, que é atacado por ambientalistas por sua prioridade ao agronegócio. E o próprio Le Drian incluiu em sua agenda em Brasília encontro com o opositores da política de Bolsonaro, que veem como predatória. Além disso, o interesse manifestado pelos franceses por um encontro com o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), também desagradou a Bolsonaro.
Folha de S. Paulo