Justiça mantém prisão de Deolane Bezerra e de sua mãe após audiência de custódia

Brasil

A Justiça de Pernambuco manteve a prisão da advogada e influenciadora Deolane Bezerra após audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (5), um dia após sua detenção no Recife. Ela foi presa em operação da Polícia Civil que investiga uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro e que teria movimentado quase R$ 3 bilhões.

A mãe de Deolane, Solange Alves, também alvo da operação, permanece presa preventivamente com a filha na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, na zona oeste do Recife. Uma terceira suspeita também foi mantida presa.

De acordo com o TJ-PE (Tribunal de Justiça de Pernambuco), as diligências tramitam em segredo de Justiça porque o caso está em fase inicial de inquérito policial.

Conhecida como Dra. Deolane, a influenciadora foi detida com a mãe, Solange Alves, no bairro de Boa Viagem, zona sul da cidade. A casa da família em São Paulo também foi alvo de busca da polícia, que apreendeu itens como relógios e dinheiro, segundo divulgou Dayanne Bezerra, irmã de Deolane.

Duas casas de apostas também foram alvo de busca e apreensão. As diligências aconteceram em Recife, Barueri (SP), Campina Grande (PB), Cascavel (PR), Curitiba e Goiânia.

Nas redes sociais, após a prisão, Deolane publicou uma carta em que diz ser vítima de perseguição e injustiça.

“Estou passando aqui para tranquilizá-los e afirmar mais uma vez que estou sofrendo uma grande injustiça. É notório o preconceito e a perseguição contra minha pessoa e minha família, mas isso tudo servirá para provar mais uma vez para todos vocês que não pratico e nunca pratiquei ‘crimes’”, escreveu.

Deolane passou a noite em uma cela reservada na Colônia Penal Feminina do Recife.

Antes de ser levada para o presídio, Deolane prestou depoimento no Depatri (Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais). A mãe dela também estava no local, mas passou mal e foi socorrida pelos bombeiros, que a levaram a um hospital particular da cidade. No início da tarde, Solange voltou à delegacia e depois foi encaminhada com a filha ao presídio.

A investigação, segundo a Polícia Civil, foi iniciada em abril de 2023 para identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Conforme o inquérito, a quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio e seguros para lavagem de dinheiro, feita por meio de depósitos e transações bancárias.

A operação resultou no bloqueio de valores em conta e aplicações financeiras de quase R$ 3 bilhões.

Na operação foram apreendidos 17 carros de luxo e 38 veículos restritos no Renajud, sistema online de restrição judicial de veículos criado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Também foram apreendidos mais de cem imóveis, quatro aviões e sete embarcações.

Os investigados precisaram entregar seus passaportes, os portes de armas de fogo deles foram suspensos e os registros, cancelados.

De acordo com o Ministério da Justiça, o suposto esquema começou com uma investigação de lavagem de capitais a partir da apreensão de R$ 180 mil reais em espécie em 1º de dezembro de 2022.

“Foram movimentados, de janeiro de 2019 a maio de 2023, mais de R$ 3 bilhões em contas correntes, em aplicações financeiras e dinheiro em espécie, provenientes dos jogos ilegais”, disse o ministério, em nota divulgada nesta quarta.

“O dinheiro era lavado por meio de depósitos fracionados em espécie, transações bancárias entre os investigados com o imediato saque do montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo, além da aquisição de centenas de imóveis”, acrescentou a pasta.

Os investigadores identificaram movimentações financeiras atípicas de pessoas físicas e jurídicas, que indicam “indícios de ilícitos financeiros, sem nenhum suporte para as transações comerciais e financeiras feitas pelo grupo”. Ainda conforme a investigação, a maioria dos integrantes tem padrão de vida totalmente incompatível com a renda e os bens declarados.

A ação contou com a participação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e de 170 agentes de segurança pública dos estados onde ocorreram os cumprimentos dos mandatos de buscas e prisões.

 

José Matheus Santos/Folhapress

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