Onyx Lorenzoni troca articulador na Câmara e PSL reage
BrasilOnyx Lorenzoni
A demissão do ex-deputado Carlos Manato do comando da Secretaria Especial para a Câmara provocou revolta na cúpula do PSL e azedou as relações entre o partido do presidente Jair Bolsonaro e o DEM. Irritados, parlamentares do PSL criticaram duramente o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, por dispensar Manato e nomear o também ex-deputado Abelardo Lupion para o cargo, que cuida das negociações políticas com a Câmara. Manato é filiado ao PSL e Lupion, ao DEM, mesma sigla de Onyx. Na avaliação de integrantes do partido de Bolsonaro, a dispensa – que ocorreu na sexta-feira passada, por telefone – foi “injusta” e terá consequências negativas para o Palácio do Planalto. Além do desligamento de Manato, o Diário Oficial da União publicou nesta segunda-feira, 10, as exonerações “a pedido” de outros quatro ex-deputados que atuavam com ele na secretaria. Um deles, Victório Galli Filho, também é do PSL. “Se a articulação política do governo Bolsonaro está ruim, quem tem de ser demitido é o ministro, e não os assessores”, afirmou ao Estado o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO). “Esperamos que o presidente (Bolsonaro) tome um lado nessa situação porque, se ele não se manifestar, nós vamos tomar providências, que serão duras”, emendou o deputado, sem adiantar a estratégia planejada. O líder do PSL afirmou, ainda, que Onyx estava “olhando para o próprio umbigo” quando trocou Manato por Lupion. Compadre do ministro, Lupion já atuava na Casa Civil desde janeiro, mas apenas como assessor especial. “Para mim, o ministro agiu com covardia, humilhando e abandonando soldados de primeira hora”, criticou Delegado Waldir, ao lembrar que Manato só entrou no PSL – e foi candidato ao governo do Espírito Santo, em 2018 – a pedido de Bolsonaro. Presidente estadual do PSL, Manato não quis esticar a polêmica e tentou amenizar a crise. Afirmou que já havia combinado com Onyx sua saída por estar “sobrecarregado” e observou não ter intenção de criar estresse para o Planalto. “Eu já estava com prazo de validade vencido”, disse ele ao Estado. “Não tenho raiva de ninguém.” Encarregado de ajudar o governo a formar uma base aliada no Congresso – e a angariar apoio para a aprovação da reforma da Previdência –, o ex-deputado despachava no mínimo duas vezes por semana no gabinete da liderança do PSL. Foi para lá porque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se recusou a ceder uma sala à Casa Civil. Em março, com a ajuda da Controladoria Geral da União (CGU), o governo chegou a criar uma plataforma, batizada no Planalto de “banco de talentos”, na qual parlamentares podiam fazer indicações para vagas do segundo escalão. A última palavra, no entanto, sempre foi dos ministros. Nos bastidores, deputados afirmam que Manato caiu por se desentender com Onyx a respeito de nomeações do PSL, que estavam emperradas. Até hoje o governo não tem uma base de sustentação no Congresso. “O problema não é de cargos. O que não aceitamos é a falta de lealdade do ministro, que, na primeira substituição, tira o PSL para colocar alguém do DEM”, reclamou Delegado Waldir.
Estadão