Indicação de Lula ao STF e trio de favoritos dominam bastidores em posse de Barroso

Brasil

Os três principais cotados para substituir a ministra Rosa Weber no STF (Supremo Tribunal Federal) aproveitaram o fato de estarem acomodados lado a lado na posse de Luís Roberto Barroso para demonstrar união e tentar desfazer a imagem de que a disputa tem gerado atritos entre eles.

O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), o AGU (Advogado-Geral da União), Jorge Messias, e o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, sentaram-se na mesma fileira na cerimônia que marcou o início da gestão de Barroso na presidência do STF. Cientes de que estavam sendo observados, o trio fez gestos efusivos de companheirismo e trocou abraços, sorrisos e sussurros ao pé do ouvido.

Dino, Messias e Dantas assistiram à posse de Barroso nos assentos posicionados imediatamente atrás dos ministros do STF, um local reservado a altas autoridades que acompanharam a solenidade.

Messias estava inicialmente numa poltrona mais afastada, na terceira fileira. Pouco antes de a posse começar, ele foi levado ao local em que Dino e Dantas estavam.

A cena não passou desapercebida pelo ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele registrou o trio em uma foto e mandou a imagem aos cotados, junto com uma mensagem elogiando a união do grupo.

Dos três, Dino é considerado o favorito para ser indicado pelo presidente Lula (PT) para o STF. Depois dele vem Messias, que conta com o apoio de uma ala do PT. Dantas é visto como o terceiro cotado na bolsa de apostas.

As movimentações dos três têm criado incômodos na relação entre eles. Messias, por exemplo, também tem sido citado como um possível substituto de Dino no Ministério da Justiça caso o favorito seja efetivamente nomeado para o Supremo. O AGU fez chegar ao Planalto o recado de que prefere permanecer onde está, a não ser que tenha liberdade de mexer na equipe hoje comandada por Dino.

A sucessão de Rosa dominou as conversas entre as autoridades que compareceram à posse de Barroso. Além do trio, também estava no plenário o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Luís Felipe Salomão, que chegou a ser mencionado como uma opção para o Supremo.

Do lado de fora do plenário, numa sala em que os presentes acompanharam a solenidade por telões, estavam outras duas cotadas: a juíza federal Simone Schreiber e a advogada Vera Lúcia Santana.

Movimentos sociais e juristas têm defendido que Lula escolha uma mulher para a vaga de Rosa, sob a justificativa de que a representatividade feminina na corte não pode ser ainda mais reduzida. Hoje, são apenas duas ministras para nove ministros.

Existe ainda uma campanha específica para que Lula indique uma mulher negra, o que seria algo inédito em toda a história da Suprema Corte.

O petista, no entanto, tem enviado sinais frustrantes para essas articulações. Recentemente, disse que não pretende se guiar por critérios de gênero e raça na sua análise.

A posse de Barroso reuniu ainda cotados para o cargo de ministro da Justiça caso Dino seja indicado para o STF. Estavam na cerimônia Augusto de Arruda Botelho, Secretaria Nacional de Justiça, e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), também é tratada como alternativa para a Justiça. Ela acompanhou a cerimônia.

O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), afirmou à Folha que o seu candidato ao STF é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Ele negou que vá colocar entraves à eventual indicação de Dino ao Supremo. Nos bastidores, ele tem apresentado ressalvas ao nome do ministro. Alcolumbre também buscou minimizar os atuais atritos entre STF e Senado.

A posse de Barroso reuniu ainda os principais cotados para o cargo de PGR (Procurador-Geral da República).

Os procuradores Paulo Gonet e Antônio Bigonha sentaram-se na mesma fileira. Ao final, conversaram enquanto esperavam para entrar na fila de cumprimentos a Barroso.

Lula terá que escolher o novo chefe da PGR em razão do fim do mandato de Augusto Aras. Gonet e Bigonha já tiveram reuniões com o petista, que ainda não se decidiu por nenhum nome. Segundo aliados, Lula não se impressionou com as conversas e pediu que outros candidatos sejam ouvidos.

 

Catia Seabra, Julia Chaib e José Marques/Folhapress

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