Wagner e Otto garantem que Senado vai recolocar na reforma tributária incentivo a montadoras no Nordeste
BrasilContinua repercutindo entre os parlamentares da Bahia a derrubada do item da reforma tributária que prorrogava, até 2032, a redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para montadoras de automóveis instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O deputado Otto Alencar Filho (PSD-BA) foi o único da bancada baiana a votar contra o destaque, e o seu voto acabou sendo decisivo para a derrota da medida, que, se não for resgatada pelo Senado, pode dificultar a instalação de uma fábrica da montadora chinesa BYD em Camaçari.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), comentou o assunto em suas redes sociais nesta terça-feira (18). O senador baiano disse ter uma expectativa positiva em relação à aprovação da reforma tributária, e afirmou ter certeza de que o item retirado do projeto durante a votação na Câmara será recolocado no texto pelo Senado.
“A expectativa para aprovarmos a reforma tributária no Senado é positiva. Acredito que coloquemos em votação até meados de outubro. Até porque uma matéria dessas não pode ser empurrada goela abaixo. A Câmara fez um belo trabalho e vamos trabalhar para aperfeiçoar o texto no Senado. Um ponto que salta aos olhos é a questão do Nordeste, com a indústria automotiva. É quase uma unanimidade que esse texto vai ser incluído, no Senado, e aí terá que voltar. Mas creio que não teremos problema na Câmara, pois há um consenso de que temos que industrializar a região”, afirmou Wagner.
Na mesma linha, o senador Otto Alencar (PSD-BA), em entrevista nesta segunda (17), disse ter recebido o compromisso do relator da proposta de reforma tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), e do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD), para que seja inserida novamente no texto a emenda que garante o benefício à BYD e outras montadoras.
“Já conversei com Eduardo Braga e tenho o compromisso do relator e do presidente do Senado, que até deu declaração nesse sentido, que vai recolocar investimentos, incentivos para fábricas no Nordeste, Centro-Oeste, até porque não é só a BYD”, afirmou.
O senador baiano também defendeu o filho das críticas que sofreu por ter votado contra a medida. Segundo Otto, as críticas são resultado de perseguição política.
“O ex-presidente do PT, Rui Falcão, votou contra também, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, todo o PT do sul votou contra. Agora, botaram a cruz para a gente carregar, mas é coisa da política mesmo”, explicou Otto Alencar.
A complexidade da votação da reforma tributária também foi abordada por Jaques Wagner em comentários nas suas redes sociais. Para o líder do governo, não é fácil mexer na estrutura tributária do País, principalmente por conta dos interesses de estados e municípios.
“A reforma tributária é um tema muito delicado, pois mexe com o interesse de estados e municípios. Eu sempre digo que todo mundo quer reforma tributária, mas cada um tem a sua. É uma matéria complexa, não à toa está há 40 anos em discussão. Por isso, considero um grande mérito do ministro Fernando Haddad ter conduzido esse processo com tanta eficiência e rapidez”, completou o senador baiano.