Senado aprova novos embaixadores; Washington terá mulher à frente pela 1ª vez
BrasilO Senado Federal destravou votações e aprovou nesta quarta-feira, dia 17, a primeira leva de embaixadores indicados pelo presidente Lula Inácio Lula da Silva. Entre os nomes enviados por Lula e já aprovados no plenário do Senado está a primeira mulher a chefiar a embaixada do Brasil em Washington, a embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti.
Com a aprovação do Senado, o governo Lula poderá efetivar as nomeações no Diário Oficial da União e começar a substituir de fato os embaixadores remanescentes, alguns de confiança do governo Jair Bolsonaro, que ficaram conhecidos por incorporar parte do discurso “bolsonarista”.
A embaixada mais prestigiada do serviço exterior, em Washington, nunca foi liderada por uma mulher. Viotti já representou o País nas Nações Unidas e foi chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres. Ela assumirá as funções antes exercidas pelo embaixador Nestor Forster, um dos expoentes do bolsonarismo na diplomacia.
Viotti chegou a ser cotada como potencial ministra das Relações Exteriores durante a montagem do governo, mas Lula preteriu mulheres e escolheu o chanceler Mauro Vieira. Desde então, o ministro sofre pressão no cargo para cumprir promessas do governo de ampliar o protagonismo feminino.
“A indicação representa um marco na história do Itamaraty”, disse a senadora e relatora Mara Gabrilli (PSD-SP). “Isso fortalece os esforços para maior representatividade de gênero nos postos mais relevantes do serviço exterior brasileiro. Saúdo essa indicação e espero que ela abra caminho para o incremento na participação feminina nas embaixadas mais estratégicas para o interesse nacional.”
“Faço um apelo ao ministro Mauro Vieira a respeito da indicação das mulheres. Ele falou que teriam mais indicações, mas até o momento não houve nenhuma indicação de mais cinco. Faço o alerta à bancada feminina”, disse a senadora Leila do Vôlei (PDT-DF)
Argentina, França e Vaticano
Os embaixadores vão ocupar postos-chave e de prestígio no serviço exterior, parte deles do apelidado circuito Elizabeth Arden, os mais concorridos no Itamaraty. Além dos Estados Unidos, os diplomatas em votação pelos senadores vão representar Lula em Paris (França), em Nova York, EUA, (perante as Nações Unidas), em Buenos Aires (Argentina), no Cairo (Egito), no Vaticano (Santa Sé), em Nova Déli (Índia), em Havana (Cuba) e em Montreal, Canadá, (na Organização de Aviação Civil Internacional).
Com a vitória de Lula no ano passado, o governo negociou mudanças nos planos internos do Itamaraty de fim de governo. Essas remoções são conhecidas como “testamento”. O Palácio do Planalto vetou nomes, mas manteve parte dos ex-secretários em funções de relevo.
Nesta quarta-feira, os senadores já aprovaram o nome do embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, ex-secretário de Assuntos Multilaterais Políticos, para chefiar a embaixada no Egito. O ex-chanceler Carlos França planejava prestigiar mais Paulino, que iria trabalhar em Paris, para onde Lula decidiu – e os senadores concordaram – despachar o embaixador Ricardo Neiva Tavares. Ele substituirá o embaixador Luis Fernando Serra, também ficou conhecido na França por defender o governo Bolsonaro de forma contundente.
Felipe Frazão/Estadão