Lula coloca segurança pessoal dentro do gabinete e confirma saída do GSI

Brasil

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante seu discurso na cerimônia de posse no Congresso Nacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou uma estrutura de segurança dentro do gabinete pessoal do presidente da República, confirmando o fim da exclusividade do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) na proteção do chefe do Executivo.

A partir de agora, segundo um decreto de Lula, a segurança de Lula será feita pela Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata.

Desde o início da transição havia uma tensão entre equipe de segurança do petista e a pasta comandada no governo Bolsonaro pelo general Augusto Heleno —um dos auxiliares mais fiéis ao ex-mandatário.

A crise entre a segurança de Lula e o GSI começou ainda nos primeiros dias da transição.

O GSI não foi acionado para ajudar na segurança do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), a sede da transição em Brasília. Mesmo assim, o gabinete enviou servidores para o local.

O comando da equipe do petista conversou com os integrantes do GSI e informou que não seria necessária a permanência deles, especialmente nas áreas em que o presidente eleito frequentava.

Após esse primeiro episódio, o GSI foi escanteado pelos petistas e a proposta para retirar a segurança de Lula da pasta começou a ganhar força no futuro governo.

No texto do governo sobre a criação da nova estrutura, a função da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata é planejar, coordenar e executar a segurança de Lula, do vice Geraldo Alckmin e de seus familiares.

O GSI, mesmo com a desconfiança que resultou na mudança no modelo de segurança, ainda continuará a atuar. De acordo com a normativa, a Secretaria atuará em parceria com a pasta no planejamento, coordenação e execução da segurança aproximada e afastada do petista.

Nesta segunda (2), foram nomeados para ocupar a nova secretaria o delegado federal Alexsander Castro de Oliveira, um dos coordenadores da equipe de segurança durante a campanha. Também foram escalados outros sete integrantes do grupo mais próximo de Lula desde a sua primeira passagem pelo Palácio do Planalto até o período como ex-presidente.

Entre eles, estão Valmir Moraes e Ricardo Azevedo. Os dois chegaram a aparecer na operação Lava Jato por causa dos desdobramentos das investigações contra o petista.

Moraes aparece em interceptações telefônicas feitas por ordem do ex-juiz e agora senador eleito Sergio Moro. Azevedo chegou a depor como testemunha em um dos processos.

A equipe nomeada por Lula foi testemunha da trajetória do mandatário recém-empossado no período como ex-presidente.

Essa relação inclui o auge da popularidade da operação Lava Jato, quando havia ameaças constantes contra a sede do instituto Lula e contra o próprio presidente.

Os seguranças estavam ao lado do presidente, por exemplo, no dia de sua prisão, quando militantes tentaram impedir que Lula se apresentasse à Justiça. Apoiadores do petista obstruíram a saída do sindicato dos metalúrgicos do ABC, onde estava Lula.

Outro momento de tensão ocorreu durante a caravana de Lula à região Sul, onde a comitiva foi emboscada em uma das estradas, tendo que escapar por uma via vicinal. No Paraná, um ônibus foi atingido à bala. Durante o percurso, atiraram ovos e pedras nos carros. No Rio Grande do Sul, opositores tentaram invadir o hotel onde Lula se hospedava

Neste fim de ano, os seguranças e suas famílias foram convidados a celebrar a noite de réveillon ao lado de Lula. Eles também foram convidados para o jantar oferecido no Itamaraty aos convidados da cerimônia da posse.

Ex-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto afirma que esses seguranças já integravam a equipe quando Lula foi presidente e foram mantidos ao fim do mandato. “Eles foram testados e aprovados na luta democrática”, disse à reportagem.

 

Fabio Serapião/Catia Seabra/Folhapress

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