Fabya Reis critica exclusão de Luiza Bairros de lista da Palmares: ‘está no viés da politicagem’

Bahia

por Jamile Amine

Fabya Reis critica exclusão de Luiza Bairros de lista da Palmares: 'está no viés da politicagem'

Foto: Bahia Notícias / Priscila Melo

A atual titular da Secretaria de Promoção Da Igualdade da Bahia (Sepromi), Fabya Reis, classificou como “lamentável” a retirada de Luiza Bairros – e ex-secretária da pasta e ex-ministra da Igualdade Racial -, da lista de personalidades negras notáveis da Fundação Cultural Palmares (saiba mais).

 

Segundo o presidente da instituição, Sérgio Camargo, a exclusão se deu por não estar “em conformidade com o critério de importância da contribuição histórica”, alegou que “mera militância partidária não basta” e que “é preciso mérito e relevância”, para receber a homenagem.

 

“Primeiro, gostaria de dizer da perplexidade e lamentar a concepção que tem sido adotada à frente da Fundação Cultural Palmares. A Luiza foi uma das grandes personalidades, mulher da academia, de diálogo profícuo de estruturação dos movimentos sociais e que foi uma das grandes formuladoras das nossas políticas de promoção da igualdade racial. Por ocasião, inclusive, que o Brasil dá um salto e faz um compromisso, ela compôs a comitiva para a Conferência de Durban [Terceira Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial], que o Brasil foi signatário, e depois foi dada a consequência prática com a criação do Ministério da Igualdade Racial no governo Lula, em 2003”, pontuou a secretária, destacando o papel de Luiza Bairros nas políticas voltadas para a igualdade racial. 

 

“Então, das duas uma, ou ele não conhece a história, ou ele não conhece realmente a história do país e o link dessas pessoas. Uma personalidade como Luiza, da Academia, que foi uma relatora pelo PNUD no âmbito da Conferência de Durban, que é uma referência não só para o Brasil, mas para vários países que foram signatários, desdobrando vários marcos regulatórios”, criticou Fabya Reis.

 

“Ele não conhece que a mulher foi aqui na Bahia a secretária de 2008 a 2011, que foi alçada à condição de ministra e ajudou a construir as políticas de promoção da igualdade racial. Então ele precisa conhecer um pouco melhor a história, na minha opinião, e focar um pouco mais no que é o compromisso, inclusive do ponto de vista do que é a atribuição institucional, porque o Brasil é signatário da Década Internacional Afrodescendente, também como fruto desse grande legado de vários, de muitas”, acrescentou, apontando como “um completo absurdo” o governo federal ignorar o peso simbólico e objetivo de pessoas como Luiza Bairros e outras personalidades também retiradas da lista, a exemplo de Vovô do Ilê.

 

Segundo Fabya Reis, a medida tomada pelo presidente da Fundação Palmares “demonstra que está no viés da politicagem”. Ela afirma ainda que Sérgio Camargo “não tem condições, não tem pertencimento e compromisso com essa pauta [da igualdade racial]” e que vê com muita preocupação “os rumos de uma pauta que precisa ganhar força, mas que as posições têm sido uma tentativa de esvaziamento”.

 

Apesar do ambiente preocupante apontado pela secretária, ela diz ter esperança. “O que nos conforta é que o legado, assim como de várias outras que eles andam querendo apagar da história, não conseguirão”, avalia. “O movimento social está aí, o conjunto de coletivos, seja na Academia, seja na sociedade civil, seja de reconhecimento de instituições com o compromisso anti racista, que reconhece e que vão continuar levando esse legado e compromisso se a gente seguir lutando”, conclui.

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