Suposta delação destaca participação de desembargador e advogados na Faroeste

Bahia

por Cláudia Cardozo / Ailma Teixeira

Foto: Nei Pinto/ TJ-BA

Alvo da Operação Faroeste nesta segunda-feira (14), o desembargador Ivanilton Santos da Silva Filho foi citado na suposta delação premiada de sua colega Sandra Inês Rusciolelli, presa desde março no âmbito da mesma operação (saiba mais aqui). No tal acordo, ela teria repassado detalhes sobre a participação de outros suspeitos no esquema de venda de sentenças em meio à disputa de terras no Oeste da Bahia.

 

De acordo com a suposta delação, o magistrado, cujo gabinete foi alvo de mandados de busca e apreensão hoje (veja aqui), teria requisitado a ajuda dela em um processo da empresa Sol, de Feira de Santana, em troca de vantagens que Sandra Inês nega ter aceitado. A vantagem em questão seria de R$ 100 mil.

 

Ela teria admitido, no entanto, que “sempre atendeu advogados e decidiu favoravelmente algumas vezes aos seus pleitos, notadamente aos advogados Rui Barata Lima Filho, Arthur Ramos Barata Lima, Virna Ramos Barata Lima, Bruno Almeida de Maia e Marcelo Junqueira Ayres Filho”. Desses, Rui, Arthur e Marcelo estão entre os nomes já confirmados como alvos de busca e apreensão das 6ª e 7ª fases da operação deflagrada hoje.

 

Em outro trecho, a desembargadora teria apontado que o advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira forjou uma separação de sua companheira, Carla Roberta Viana de Almeida, enquanto a manteve trabalhando no TJ-BA. Desde 2015, Carla atua no gabinete da desembargadora Lígia Maria, que é mãe do advogado Rui Barata.

 

De acordo com o documento, Rui e Julio chegaram a montar um escritório em Barreiras, cidade onde a PF também cumpre mandados nesta operação, para operar de forma ilícita nos processos em que Lígia Maria atuava na Câmara do Oeste. “Para dar legalidade à empreitada com Júlio foram formalizados diversos contratos de parceria, com pagamentos de impostos. Tais contratos ficavam guardados no escritório de Rui Barata. Além das diversas decisões, em conjunto dom Júlio, há um fato ocorrido na última sessão da Câmara do Oeste, em 16/02/2016, que merece destaque, no qual o Delator vendeu a decisão ao operador Abdon Abade, representando interesses da Macaé Agropecuária, por R$ 50.000,00, mas o voto da Desª Sandra foi vencido pelo voto divergente da Desª Lígia Ramos, que, além de ter criado o maior tumulto na sessão, decidiu favorável ao pleito de seu filho Rui Barata, que vendeu a decisão por R$ 200.000,00 à parte contrária, Helio Busado, de interesse do grupo de Adailton Maturino”, diz um trecho. Esse último citado é o “quase cônsul”, apontado como líder do esquema criminoso.

 

OUTROS ALVOS

As 6ª e 7ª fases da Faroeste atingiram ainda autoridades de outros órgãos. Sob determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Polícia Federal também cumpriu mandados de busca e apreensão contra o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa.

 

Suspeito de “blindagem institucional”, ele foi afastado das atividades por um ano e agora está proibido de frequentar as dependências da pasta e manter contato com funcionários ao longo desse período.

 

Ainda na SSP-BA, a delegada Gabriela Macedo, chefe de gabinete de Barbosa, também foi afastada de suas funções. Ela é suspeita de vazar informações sigilosas que tinham investigados da Faroeste como alvos (saiba mais aqui).

 

Além dos dois, a ex-chefe do Ministério Público da Bahia e indicada para ser conselheira do Conselho Nacional do Ministério Público, Ediene Lousado, foi afastada de suas atividades como promotora de Justiça. No caso dela, a medida vale por 180 dias (veja aqui). (Atualizada às 10h32)

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