Entre titãs, Isidório reclama de ter sido rifado junto a Olívia e Bacelar

Bahia

por Fernando Duarte

Entre titãs, Isidório reclama de ter sido rifado junto a Olívia e Bacelar

Foto: Rebeca Menezes/ Bahia Notícias

No duelo dos titãs políticos da Bahia pela prefeitura de Salvador, sobrou para os menores. Pelo menos é essa a crítica do deputado federal Pastor Sargento Isidório, candidato a prefeito da capital baiana pelo Avante com o aval do governador Rui Costa (PT) e que agora se vê sufocado pelo embate entre o petista e ACM Neto. Rui, que tem quatro candidatos da própria base aliada na disputa pelo Palácio Thomé de Souza, deixou à míngua três deles e focou na campanha da afilhada, Major Denice. Esse posicionamento, inclusive, não surpreende ninguém.

 

Isidório pode até fingir surpresa com o fato de ter sido relegado a coadjuvante no processo eleitoral de Salvador. A prática já tinha acontecido em 2016, quando ele foi alojado no PDT para tentar a prefeitura. Agora, quatro anos depois, a diferença está no apoio costurado por Rui com o PSD para garantir tempo de rádio e televisão e musculatura política a Isidório. Ainda assim, o pastor sargento deixou de ter a autonomia inicial para se tornar um produto pasteurizado, que não conversa com o pictórico personagem que o tornou popular.

 

Durante entrevista ao Bahia Notícias, Isidório relatou ter ficado pressionado pelos dois gigantes da política na Bahia, DEM e PT. Inclusive, não sendo o único nessa posição desconfortável, dividindo o espaço apertado com Olívia Santana (PCdoB) e Bacelar (Podemos). Era certo que isso iria acontecer. Quando houvesse qualquer sinal de acirramento, ACM Neto manteria o apoio irrestrito a Bruno Reis, enquanto o governador teria que escolher um lado. Mesmo que Isidório pontuasse bem nas pesquisas, o natural era que a ascensão de Denice provocasse Rui a descer do muro. E foi o que aconteceu.

 

Como o deputado federal do Avante “sofre” de um nível de sinceridade acima dos aliados, dificilmente outra voz irá ecoar essa crítica velada. No curto prazo, não haverá “consequências” diretas pela escolha feita pelo governador. No longo prazo, esse desgaste pode gerar ruído e dificultar a manutenção do “azeitamento” da base aliada. Em um contexto em que as maiores forças do arco de alianças do PT, PSD e PP, estão em chapas distintas, uma tensão a mais pode provocar rupturas antes do ciclo de 2018 se findar daqui a dois anos.

 

Isidório, pelo menos, é realista. Admite que é quase uma poeira no ambiente em que está inserido. Como mostrava o rascunho das eleições 2020, a polarização entre PT e DEM em Salvador vai ser mantida. Pelas beiradas, os demais candidatos serão coadjuvantes – ainda que sejam bem representativos do ponto de vista eleitoral.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (28) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: SpotifyDeezerApple PodcastsGoogle Podcasts e TuneIn.

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