‘Continuismo’ de Moema disputa com propostas de ‘esperança’ e ‘renovação’ em Lauro
Bahiapor Mari Leal
Seis candidatos integram a corrida eleitoral pela gestão do município de Lauro de Freitas nas eleições deste ano. Destes, três tem aportado mais destaque: a atual prefeita Moema Gramacho (PT), que disputa a reeleição pelo PT e conseguiu agregar a maior quantidade de partidos na coligação; Mirela Macedo (PSD), deputada estadual e ex-vice prefeita do município, que deixou o cargo após romper com Moema e assumir o mandato na Assembleia, e o empresário Teobaldo Costa (DEM), ex-esposo de Mirela, que se aventura pela primeira vez na disputa partidária como a figura a ser votada.
Na tentativa de conter o aparente favoritismo da atual prefeita, os opositores diretos oscilam entre os discursos de “uma nova esperança” e “renovação”. Já Moema, tenta surfa na relação “gerenciamento da pandemia”, no discurso de continuidade e no capital simbólico acumulado de outras figuras da política baiana, como os correligionários Rui Costa e Jaques Wagner. Soma-se ainda o vice-governador João Leão, adversário histórico e cuja garantia de apoio do PP evitou a possibilidade de mais um adversário à petista na corrida.
A pandemia, inclusive, dá nome ao programa de governo da petista: “Vencer a pandemia e avançar por uma Lauro ainda melhor”. Apesar do alarde da chamada, ações relacionadas à Covid-19 são inespecíficas na proposta. De maneira geral, o programa assume tem um tom generalista, amparada em comandos como promover, melhorar, adotar, assegurar, etc. Evidencia no entanto, um dos grandes gargalos da atual Lauro de Freitas e uma dos impasses não resolvidos pela atual gestão que é a dificuldade de transporte nos bairros mais afastados do centro.
Entre 2010 e 2020, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a população local saltou de 163.449 para 201.635, um acréscimo de mais de 38 mil habitantes. Um dos elementos que explicam o fenômeno são as milhares de unidades habitacionais instaladas ali, sobretudo no período de boom do extinto Minha Casa Minha Vida. Com o programa, novas áreas da cidade passaram a ser habitadas, gerando ao poder público novas demandas.
De acordo com o IBGE, Lauro de Freitas concentra um dos melhores indicadores de PIB per capita da Bahia, consolidado em 2017 – R$ 31.809,81.
Nas redes sociais, Mirela tenta “mostrar” o que a ex-aliada deixou de fazer. No plano de governo, apresenta propostas mais elaboradas, dialogando a partir de uma ideia de projetos. Projeto Escola Digital, Meu Caminho, Acolher, Academia da Saúde até o chamado Cadetes Mirins – que é parte do eixo educação e uma espécie de formação educacional que alia “fornecimento de recursos para acesso ao mercado de trabalho” com “valores éticos e morais, disciplinados e organizados”.
Já Teobaldo Costa, que se aliou a um dos vereadores mais combativos à atual gestão, Mateus Reis, tenta convencer o eleitor a partir da construção de imagem de um homem simples, do povo, contrastando com a face de empresário, dono de um dos maiores patrimônios registrados junto ao Tribunal Superior Eleitoral entre os nomes em disputa pelo Executivo no estado da Bahia: R$ 341.286.567,60.
Para além, tem abusado da imagem do gestor da capital, presidente nacional do Democratas e uma das principais lideranças da direita moderada no Brasil, ACM Neto. Pelo menos nas redes sociais, ainda não convenceu muito. No Facebook, por exemplo, ainda não alcançou quatro mil curtidas.
No plano de governo, onde destaca proposta para o que chama de renovação de Lauro de Freitas, Teobaldo deu de ombros à pandemia. Sem considerar que, caso seja elevado ao posto de prefeito, precisará conviver com os impactos e, até que seja concreta a possibilidade de vacina, com a própria circulação e riscos da doença, sequer cita termos como Covid-19, pandemia ou coronavírus nas 28 páginas em que descreve como pretende renovar a cidade.
A disputa em Lauro ainda tem como candidatos Felipe Manassés (PROS), herdeiro do ex-deputado Manassés, Marcello Santana (MDB) e Mauro Cardim (PTB), que chegou a integrar o primeiro escalão da gestão de Moema antes de romper com a prefeita.