Perícia não encontrou sinais de execução em corpo de Adriano da Nóbrega, diz perito do IML

Bahia

por Mari Leal / Matheus Caldas

Perícia não encontrou sinais de execução em corpo de Adriano da Nóbrega, diz perito do IML

Foto: Mari Leal / Bahia Notícias

O Departamento de Polícia Técnica (DPT) da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) apresentou nesta sexta-feira (14) as justificativas para refutar as informações divulgadas na última quinta-feira (13) pela revista Veja sobre a operação que culminou na morte do miliciano Adriano de Nóbrega, no último domingo (9), em Esplanada, no Litoral Norte e Agreste baiano (leia mais aqui). 

 

Diretor do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), o perito Mário Câmara se pronunciou ao lado do perito médico que fez a perícia, Alexandre Silva, que apresentou detalhes técnicos sobre o processo de análise.

 

Câmara, por sua vez, rebateu diversos pontos apresentados pela Veja na reportagem. O legista garantiu que não há sinais de execução encontrados. “Nós da perícia não especulamos. No laudo pericial, o perito médico legista responsável não encontrou sinais que confirmassem execução. Os sinais que nós encontramos confirmam, sim, um confronto policial, afirmou, em entrevista coletiva.

 

Entenda os principais pontos refutados por Câmara:

 

LESÃO NO PEITO

“Aquela lesão no peito é uma equimose. É uma queimadura, um sangramento na pele. Ela tem um diâmetro interno de 4 cm e um diâmetro externo de mais de 12. E, nesse diâmetro externo, tem um aro de 13 cm. Então, assim, não tem um cano de arma com esse diâmetro. Só se for uma bazuca”.

 

“A equimose é causada por um Instrumento de ação contundente e um instrumento arredondado. Agora, eu não posso dizer se posso dizer se foi uma ação ativa – alguém bateu nele – ou se foi uma passiva – ele caiu em cima de algo”.

 

FERIMENTO NA CABEÇA
“É um ferimento em forma de quina. Além daquele corte, que constitui um ângulo de 90º para baixo da região frontal da cabeça. É um corte feito depois da morte. Não há sinais vitais naquele corte. Então, provavelmente, em algum momento, entre o socorro e a funerária, bateram com a cabeça dele em algum lugar”.

 

HOUVE DISPAROS A 40 CM?
“Isso demonstra uma falta de conhecimento do assunto. Essa questão de 30 cm a 40 cm, na literatura, se refere à arma curta. Quando se trata de arma de alta energia, fuzil, você não usa isso aí. Fuzis deixam resíduos até de 1 m. Você soma isso ao cano e ao corpo da arma, o sujeito pode estar a 2 m de distância. Tiro próximo é o tiro que deixa a zona de tatuagem, que deixa resíduo no corpo. Tiro a distância não deixa resíduo. A gente não fala de distância exatamente, porque só há uma maneira de saber exatamente de onde foi dado o tiro: reproduzir o disparo com a arma do crime com uma munição similar”

 

ZONA DE TATUAGEM
“Não havia. Nós temos fotos para entregar às autoridades mostrando isso. São fotografias oficiais que estão sob custódia do DPT e estão à disposição das autoridades do caso. Nós não vamos mostrar aqui porque é vilipêndio de cadáver”.

 

PORQUE NÃO SE COMENTA A QUESTÃO DA CHANCE DE DEFESA?
“Chance de defesa é um quesito que existe nos laudos policiais que já saiu de quase todo o Brasil e que nós, no ano passado, começamos a retirar da Bahia. A chance de defesa da vítima deve ser esclarecida pela autoridade que investiga (…). Não tenho como afirmar isso, numa situação de crime, em que tudo acontece em cerca de dois minutos. Por causa disto, a perícia não responde mais isso”

 

O MILICIANO ATIROU NOS POLICIAIS?
“Essa questão é especulativa. Não compete ao perito médico fazer isso. Vai haver a perícia de local, investigação com autoridades…”.

 

RESPOSTA DA SSP À REPORTAGEM
Antes do pronunciamento dos legistas, a pasta afirmou que a reportagem fez “acusações infundadas” (leia mais aqui).

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